Por Daniel Carvalho
SÃO PAULO, SP, 26 de março (Folhapress) – Pré-candidato à Presidência da República, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), subiu o tom nesta quarta-feira, (25), e pressionou o Congresso a abrir uma CPI para investigar negócios suspeitos da Petrobras. Ele questionou se os parlamentares estão “de joelhos” e se têm “medo” da apuração.
Em entrevista a uma rádio local durante maratona de visitas a cidades do interior de Pernambuco, Campos questionou os eventuais motivos do Congresso para não investigar a empresa.
“Acho que o Congresso Nacional, por dever, tem que abrir um processo de investigação. Por que só o Ministério Público abre, a Petrobras abre, a presidenta demite e só o Congresso tem que ficar de joelhos? O Congresso está com medo? Medo de quê? De que a verdade venha? A verdade tem que ser colocada”, afirmou.
Campos também aproveitará o programa político-partidário do PSB para criticar a condução da política econômica do governo Dilma Rousseff. Em um vídeo de 10 minutos, que será exibido em cadeia nacional no rádio e na televisão amanhã, o pré-candidato à Presidência aparecerá ao lado de Marina Silva, cotada para ser vice na chapa. Em um diálogo mais intimista, Campos afirma que Petrobras perdeu metade do seu valor de mercado.
Segundo o jornal “O Globo”, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, afirmou que a estatal criou, anteontem, uma comissão interna para apurar a operação de compra, em 2006, de uma refinaria em Pasadena (EUA).
A aquisição da unidade foi aprovada pelo Conselho de Administração da Petrobras, que à época era presidido pela presidente Dilma Rousseff, então ministra de Minas e Energia, e está sob suspeita pelos altos valores envolvidos.
Campanha
Apesar de os compromissos do governador na cidade de Catende terem sido administrativos – ele foi ao município inaugurar obras – , a maior parte da entrevista abordou temas políticos. Campos disse que haverá mudanças no país a partir das eleições de outubro e voltou a criticar as alianças do PT no Planalto.
“O Brasil está cheio desse tipo de governança de compadrio, de botar gente porque fulaninho pediu, gente incompetente, que quer fazer coisa errada. Esse modelo está vencido e é por isso que o Brasil vai mudar em 2014 pelo voto”, declarou.
Questionado sobre seu desempenho tímido nas pesquisas de intenção de voto, o presidenciável disse que ainda é pouco conhecido no país, e o governo federal está “nervoso”. Campos afirmou acreditar que esse cenário será revertido a partir do momento em que começar a circular por outras regiões e quando obter maior visibilidade nos meios de comunicação de massa.
“Veja como eles estão nervosos e veja como eu estou tranquilo. Quando você vê um político começando a ficar nervoso é porque está faltando voto”, afirmou o governador. O virtual candidato à Presidência ainda citou sua origem nordestina para defender suas supostas virtudes.
“Quem colocou a presidenta que está aí foram os nordestinos”, afirmou o pernambucano. “Agora, o Nordeste pode colocar um que nasceu aqui, que conhece os Estados, que conhece o povo, conhece a realidade não de ouvir dizer, mas de viver, de vivenciar os costumes, as necessidades”, afirmou.
Campos disse que o Nordeste experimentou “avanços importantíssimos” durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva porque o petista, também natural de Pernambuco, “conhecia a gente”. “Precisamos garantir esses avanços”, completou.