As ações de empresas estatais impulsionam hoje a alta do Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa brasileira. O índice fechou em alta de 2,1%, com 52.155 pontos.

Embalada pelo bom humor do mercado, a moeda americana caiu. O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou em baixa de 1,02%, a R$ 2,224, o menor valor desde 30 de outubro do ano passado (R$ 2,183).

Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, caiu 1,07%, para R$ 2,220, também o menor valor desde 30 de outubro de 2013.

De acordo com analistas, o entusiasmo do mercado com as ações da Petrobras, da Eletrobras e do Banco do Brasil foi intensificado pesquisa Datafolha divulgada no último sábado, que indica queda nas intenções de voto para a presidente Dilma Rousseff na eleição de outubro.

As ações preferenciais da Petrobras, as mais negociadas, fecharam em alta de 6,61%. Já os papéis mais negociados da Eletrobras subiram 1,53% e os do Banco do Brasil, 5,64%.

Segundo o analista da Spinelli Corretora Elad Revi, a queda de Dilma faz com que o mercado crie uma maior expectativa em relação à condução da política de preços praticada pela Petrobras.

“A expectativa é que, não sendo a Dilma no governo, corrija-se o valor da gasolina nas bombas, de forma que a Petrobras seja uma empresa estatal que visa o lucro, não um instrumento político”, explica.

Para Waldir Kiel, economista da corretora H.Commcor, a valorização do real ante o dólar também beneficiou a Petrobras, “tanto por causa da dívida [em moeda estrangeira] quanto pelo reajuste no preço do combustível.” Pela política do governo de controle da inflação, estatal compra no exterior derivados de petróleo a preço mais elevado do que o de venda no Brasil.

“Mesmo com a queda de Dilma nas pesquisas, porém, a tendência do mercado agora é retomar a instabilidade”, diz Pedro Galdi, analista da SLW Corretora. Isso em razão do cenário externo, com recuperação da economia dos EUA, que passa a se tornar destino de mais investimentos estrangeiros em detrimento de mercados emergentes, como o Brasil.

De acordo com Galdi, caso haja uma perspectiva de que o governo atual não se reeleja no primeiro turno, aí sim “o mercado vai subir forte”.

Tecnologia

Segundo a agência de notícias Reuters, as ações dos Estados Unidos fecharam em queda nesta segunda e o Standard & Poor’s registrou a maior perda em três dias em dois meses, com investidores vendendo ações ligadas à internet, que vinham mostrando bom desempenho recentemente, e comprando ações defensivas para se protegerem de novos declínios.

Para Kiel, da H.Commcor, a queda das ações americanas do setor de tecnologia se dá por causa do preço atual elevado.

Dólar

Segundo Revi, da Spinelli, a queda da moeda americana no Brasil hoje pode ser explicada, em parte, pela retomada da economia americana, que não tem sido tão consistente quanto o esperado no começo do ano.
O analista aposta em um ponto de equilíbrio para a moeda americana no final do ano, de modo que a cotação seja favorável tanto para quem importa -que não deve pagar tão caro em matérias primas- quanto para o exportador. De acordo com a pesquisa semanal do Banco Central com economistas divulgada hoje, a projeção do dólar no fim do ano é R$ 2,45.

Para Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora, o mercado está testando um piso para o dólar.
“Não há, em nenhum momento, alguém tentando estancar essa queda. Antigamente, o Banco Central entrava comprando dólar e segurava o mercado em um certo patamar. Nesse momento, não vimos uma ação que pudesse evidenciar que ele não está contente, ou não quer um dólar tão barato.”