Depois de uma semana de tiroteio intenso sobre um de seus principais caciques, o PT do Paraná continua mantendo um silêncio obsequioso sobre as denúncias que pesam sobre o deputado federal André Vargas, que o obrigaram ontem a pedir afastamento da Câmara por 60 dias. É como se o partido não tivesse nada a ver com um de suas maiores lideranças e a ordem é isolar o problema na esperança de que ele não respingue na pré-candidatura da senadora Gleisi Hoffmann ao governo. Antes das acusações de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef virem à tona, aliás, Vargas era apontado como um dos mais importantes integrantes da coordenação da campanha de Gleisi.

Sem pressa
O presidente estadual do PT, deputado Ênio Verri, desconversou ontem ao ser questionado sobre a situação de Vargas. Em entrevista à rádio CBN, Verri afirmou que não é prioridade do PT lançar o deputado como candidato ao Senado, mesmo após a desistência do ex-senador Osmar Dias (PDT) em concorrer, porque a ordem é atrair outros aliados com essa vaga. Nós temos três vagas majoritárias. Governador, vice-governador e a vaga no Senado. Não é possível um partido que quer ganhar as eleições não ter uma política de alianças. É natural que se o governo é do PT, o vice seja de outro partido e o Senado de outro, alegou. Sobre as denúncias que pesam sobre o colega, o dirigente alegou que ainda é muito cedo para um comentário oficial do partido. As denúncias aconteceram no último final de semana. Precisamos ver isso com mais detalhes. Vamos sentar no decorrer da semana e avaliar o que está acontecendo, disse Verri.

Urgência
O relatório final da Comissão Especial para revisão do Regimento Interno da Assembleia Legislativa foi apresentado em Plenário ontem encaminhado à Mesa Executiva da Casa, a quem cabe dar início à sua tramitação. O documento traz como anexo um anteprojeto de resolução contendo o texto aprovado pela comissão. Se aprovar seu conteúdo, a Mesa pode figurar como coautora da proposição. Entre as mudanças estão o fim da reeleição para cargos de direção no Legislativo e da chamada comissão geral de plenário, artifício usado pelo governo para acelerar a votação de projetos de seu interesse. O líder do governo Beto Richa, deputado Ademar Traiano (PSDB), afirmou ontem ver com bons olhos a proposta de fim da comissão geral, mas argumentou que deve ser criada algum tipo de alternativa para situações pontuais que exigem a votação urgente de determinados projetos. Traiano disse ainda não saber que alternativa seria essa, mas afirmou que está estudando o assunto para propor emendas à proposta.

Prazo
A matéria segue depois para a análise da Comissão de Constituição e Justiça, e depois vai ao Plenário para discussão e votação. O texto aprovado passará a vigorar na próxima Legislatura, que terá início em 2015. Em Plenário, o anteprojeto poderá receber emendas e sofrer modificações. Por sua condição especial, oferece a possibilidade de ser apreciado em bloco ou dividido por seções e temas. Não há prazo definido para o término das votações, mas a expectativa é que esteja aprovado até o final do semestre. Outra proposta polêmica aprovada na comissão é a que prevê redução do número atual de 25 para 19 comissões permanentes da Assembleia.

Retorno
O ex-deputado estadual Fábio Camargo reassumiu ontem o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Na última sexta-feira, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, concedeu liminar a Camargo suspendendo decisão da Justiça paranaense que havia determinado seu afastamento do tribunal.

Substituto
O Tribunal Regional Eleitoral comunicou ontem oficialmente à Assembleia a cassação do deputado Alceu Maron Filho (PSDB) por infidelidade partidária. Com isso a Casa empossa hoje o suplente Felipe Lucas (PPS). Eleito pelo PPS, Maron Filho trocou o partido pelo PSDB e assumiu a vaga na Assembleia no final de 2012 em substituição a Marcelo Rangel (PPS), eleito prefeito de Ponta Grossa. O PPS recorreu e depois de mais de um ano de discussão na Justiça, conseguiu retomar a cadeira.

Deputado do ônibus
Felipe Lucas é médico e ex-prefeito de Irati. Ele é o terceiro suplente do PPS e fez 31.080 votos na eleição de 2010. Já exerceu o mandato de deputado estadual em duas oportunidades. Entre 2003 e 2004, quando era suplente e assumiu uma vaga, e na legislatura 2007-2010 quando foi titular. Em 2007, Lucas ficou conhecido como o deputado do ônibus, depois de ganhar um ônibus de brinquedo do então governador Roberto Requião (PMDB), em reunião da escolinha de governo. Na ocasião, irritado com a ausência de parlamentares na escolinha, Requião prometeu sortear uma ambulância para os parlamentares que comparecessem a quatro reuniões consecutivas. Apenas seis dos 54 deputados, incluindo Lucas, apareceram.