Por Felipe Amorim

RIBEIRÃO PRETO, SP, 15 de abril (Folhapress) – A Câmara de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) enfrentou hoje o terceiro protesto neste mês contra o aumento dos salários de vereadores. Os parlamentares aprovaram reajuste de 5,56% em 27 de março.

Alguns manifestantes usaram panos e camisas para cobrir o rosto. O presidente da Câmara, Walter Gomes (PR), interrompeu a sessão por cerca de meia hora até que os manifestantes retirassem as máscaras.

A lei que veta as máscaras foi aprovada na mesma sessão que aumentou o salário dos vereadores. O protesto de hoje, como os anteriores, foi convocado pelo grupo Movimento Jovem Independente de Ribeirão Preto.

Após o início da sessão, a Guarda Civil Municipal informou ter encontrado no estacionamento da Câmara seis coquetéis molotov, um rojão e bombas, vendidas em casas de fogos.

O material seria apresentado à polícia. Ninguém assumiu a propriedade dos artefatos.

O sociólogo José Domingos, 31, afirmou que o material não foi levado pelos organizadores do protesto e que a realização da manifestação foi discutida publicamente nas redes sociais.

Domingos disse acreditar que os artefatos foram “plantados” no local como forma de incriminar os manifestantes.

“Tentaram arrumar motivo para justificar a repressão”, afirmou.

Ele contou que o grupo vai pedir à Presidência do Legislativo que analise as imagens das câmeras de segurança da área externa do prédio.

A presidência da Câmara informou que vai solicitar o arquivo com as imagens à Coderp (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto), empresa responsável pelo sistema de câmeras do Legislativo.

Discussão

No plenário, houve discussão entre os manifestantes e um grupo que acompanhava a sessão.

Algumas pessoas, que não participavam do protesto, acusaram os manifestantes de racismo por causa de gritos que, segundo eles, imitavam sons de macacos.

Porém, os manifestantes ouvidos pela reportagem disseram que o som (“uh, uh, uh”) é um tradicional grito entoado em protestos da tática “black blocs” e que não possuía conotação racista.

O advogado Vitor Paschoalik afirmou que os manifestantes foram ameaçados por membros desse grupo.

De acordo com ele, um dos homens afirmou que foi à sessão para defender um vereador, sem mencionar o nome do parlamentar.

A reportagem tentou entrevistar quatro homens e uma mulher que discutiram com os manifestantes. Eles não quiseram dar entrevista, mas afirmaram não possuir ligação com nenhum vereador da Casa, dizendo que estavam interessados apenas em acompanhar a sessão.

Em diversos momentos, os gritos de guerra abafaram o sistema de som do plenário durante a condução da sessão pelo presidente Walter Gomes (PR).

Gomes afirmou que as sessões continuarão a ser realizadas, mesmo com novos protestos, mas que não será permitido o uso de máscaras na Câmara.