SÃO PAULO, SP, 16 de abril (Folhapress) – A CPFL vendeu energia da hidrelétrica Serra da Mesa, em Goiás, em contrato de longo prazo à estatal Furnas, subsidiária do grupo Eletrobras que pretende oferecer no leilão A-0, usado para contratação emergencial ou imediata, marcado para 30 de abril.

A CPFL informou logo no início de hoje que havia vendido a sua energia por um preço mais baixo do que poderia praticar no leilão, o que levou a ação da companhia a cair fortemente na Bovespa. Mas o papel reduziu a queda depois que analistas consideraram que as condições do contrato representavam bom risco-retorno para a geradora privada.

Já Furnas, que pagará um valor bruto de R$ 182,9 por megawatt-hora (MWh) pela energia comprada da CPFL, em um contrato até abril de 2028, venderá essa energia no leilão A-0, que busca reduzir a descontratação das distribuidoras de energia. O leilão terá contratos de energia de cinco anos e oito meses, e o preço máximo de energia hidrelétrica a ser vendida será de R$ 271 por megawatt-hora.

“A energia comprada da CPFL não está contratada e será comercializada no leilão de energia existente A-0, marcado para 30 de abril”, informou a assessoria de imprensa de Furnas.

O total da energia vendida da CPFL para Furnas, sua sócia na hidrelétrica Serra da Mesa, é referente à sua participação de 51,54% na usina, o equivalente a 345,4 megawatts médios.

No leilão A-0, as distribuidoras de energia elétrica precisam contratar mais de 3,3 GW médios para reduzir a exposição aos preços de energia caros de curto prazo.

Analistas já apontavam as estatais Eletrobras e Petrobras como possíveis principais ofertantes de energia no leilão, além dessa energia de Serra da Mesa que a CPFL optou por vender diretamente à Furnas. Várias outras geradoras de eletricidade não têm energia disponível para atender a todo o período de contrato do leilão A-0 e só conseguiriam ir à competição formando parcerias.

Menos Risco para CPFL

O preço da energia fechado em contrato com Furnas é inferior ao preço-teto que a CPFL poderia praticar no leilão A-0, de R$ 271 por MWh, ou mesmo ao preço que poderia obter com a venda da eletricidade no curto prazo, que atualmente é de R$ 822,83 por MWh.

A empresa informou hoje que o preço da energia líquido de encargos fechado no contrato com Furnas é de R$ 156,7 por megawatt-hora (MWh). O valor bruto equivalente, incluindo encargos, é de R$ 182,9 por MWh.

Apesar de obter um preço mais baixo que o esperado pela energia de Serra da Mesa, o contrato fechado com Furnas não tem risco hidrológico para a CPFL, conforme disseram analistas do Credit Suisse e do BTG Pactual, separadamente.

Ainda assim, as ações da CPFL caíram, revertendo parte das expectativas positivas construídas no pregão de terça-feira quando foram anunciados os preços-teto para o leilão A-0 e a CPFL foi apontada como uma das principais possíveis ofertantes de energia.

A ação da CPFL chegou a cair quase 5% na mínima no começo do pregão na bolsa paulista, mas reduziu a queda em seguida e terminou o dia com perda de 1,86%. O Ibovespa teve alta de 1,48% e o papel preferencial da Eletrobras subiu 3,20%.