O financiamento coletivo, também conhecido como crowdfunding, é uma forma de arrecadar o valor necessário para a realização de projetos culturais sem que se precise colocar a mão no bolso, sem ter de enfrentar editais públicos ou torcer para cair nas graças de uma editora, de uma gravadora, produtora ou de outros intermediários. Atualmente, projetos literários, jornalísticos, fotográficos, cinematográficos, de games, moda, quadrinhos, teatro, dança, web e tudo mais que caiba nas mentes criativas, podem ser custeados através das vaquinhas online.

Um dos nichos culturais que tem cada vez mais aderido ao modelo é a literatura, mesmo não sendo a produção e a edição terrenos familiares aos escritores. Afinal, eles nem sempre estão acostumados a participar das etapas, e custos, que envolvem uma publicação. Mas, apesar disso, o sucesso tem chegado a muitos daqueles que resolvem meter a mão na massa, vide os projetos de crowdfunding literário presentes no site catarse.me – a maior plataforma brasileira do gênero.

Nos últimos três anos, mais de 100 projetos de financiamento de livros foram publicados no Catarse e, desses, mais da metade foi bem-sucedida.

Um desses projetos vitoriosos foi o livro de estreia do jornalista paranaense Beto Pacheco. A obra, intitulada O Fantástico Mundo das Quinquilharias, cujo prefácio é de José Carlos Fernandes, apresenta 50 crônicas selecionadas. Textos que misturam personagens e cenas que transitam entre a realidade e a memória, com uma linguagem cuja oralidade e o humor são as principais características. O livro arrecadou quase R$ 9 mil em seu financiamento coletivo, ao longo de dois meses de campanha, e teve 77 apoiadores e cerca de 150 exemplares distribuídos como recompensas, previamente ao seu lançamento. Números expressivos para escritores iniciantes e independentes.

Com o financiamento realizado, o autor fechou um contrato com a Editora Íthala, de Curitiba, que assumiu o projeto de criação do livro e o publicou no fim de 2013. Atualmente, ele está à venda nas livrarias Curitiba, Saraiva, Siciliano, entre outras.

Além das vendas do livro físico, que em quatro meses já atingiram um terço da tiragem inicial, o e-book chegou a ficar em 3º lugar na Amazon, em janeiro de 2014, na categoria Humor, e 15º na Categoria Conto.    

Como funciona o financiamento coletivo

Os projetos são enviados pelo autor de um livro, que é completamente responsável pelo seu planejamento. É necessário gastar um bom tempo preparando um vídeo para a campanha de divulgação (você pode contratar alguém, e colocar o custo no montante, ou elaborar um de modo mais caseiro); bolando recompensas atrativas – e possíveis de serem cumpridas – para oferecer aos apoiadores; elaborando o orçamento do projeto, incluindo taxas do site e financeira, e em como anunciá-lo. Após essas etapas, os responsáveis pela plataforma de crowdfunding fazem uma breve avaliação, para eliminar possíveis aproveitadores ou projetos sem pé nem cabeça e, quando tudo estiver aprovado, o projeto é aberto para a captação e os realizadores compartilham sua ideia com o mundo.