Por Samantha Lima

RIO DE JANEIRO, RJ, 17 de abril (Folhapress) – O diretor financeiro da Vale, Luciano Siani, disse acreditar que, apesar do crescimento menor esperado na China nos próximos anos, o preço do minério de ferro permanecerá no patamar de US$ 110 por tonelada, considerado “confortável”, até o fim da década. Hoje o preço é de US$ 116,5.

Ontem, foi divulgado que a expansão do país asiático no primeiro trimestre foi de 7,4%, em termos anuais, contra crescimento de 7,7% em 2012 e 2013.

“O crescimento da China nos próximos anos, embora em menor velocidade, será suficiente para absorver a a oferta nos próximos anos. Alguns produtores com maior custo, em especial chineses, serão deslocados”, disse Siani, no Rio, após a assembleia de acionistas que aprovou as contas de 2013 da empresa. “Continuamos achando que esse seja um piso sustentável para a empresa até o fim da década”.

A China também será responsável por ajudar a enxugar o a demanda mundial por minério de ferro elevada ao longo deste ano, apesar do esperado aumento na oferta no segundo e terceiro trimestres deste ano, por conta da maior produção das concorrentes anglo-australianas BHP e Rio Tinto no início deste ano.

“Estamos confiantes de que, no médio prazo, a demanda vá crescer de forma a absorver de forma importante”, disse. Para os próximos anos, Siani diz que a expectativa de médio prazo para o preço do minério, de US$ 110 por tonelada, é confortável para a empresa. Hoje o preço é de US$ 116,5.

Ação judicial

O executivo espera que o julgamento da ação em que a empresa questiona cobrança de Imposto de Renda e Contribuição sobre Lucro Líquido feitos pela Receita deve ser retomado no STJ (Superior Tribunal de Justiça) na semana que vem, uma vez que está na pauta dos julgamentos.

A ação se deve a tributos cobrados em 2002 e 2013.

No fim do ano passado, a Vale aderiu ao Refis (programa de refinanciamento de débitos tributários federais) para repactuar e encerrar a cobrança relativa ao período de 2003 a 2012, no valor total de R$ 22,4 bilhões. O valor é cerca da metade do que era originalmente devido.

Do total, R$ 5,97 bilhões foram pagos no ato e o restante, foi parcelado em 179 vezes, em pagamentos mensais de cerca de US$ 40 milhões.

O pagamento contribuiu para o prejuízo registrado pela Vale ao fim do 4º bimestre do ano passado, de R$ 14,8 bilhões, e o lucro de R$ 113 milhões no ano, 99% abaixo do de 2012.

Para aderir ao Refis, a empresa precisou abrir mão das ações judiciais em que questionava a cobrança nos anos em que foi feito acordo, por isso a ação relativa à cobrança de 2002 seguiu no STJ.

A empresa espera que, caso obtenha uma decisão favorável no STJ na ação relativa a 2002, poderá estender seus efeitos e, assim, pleitear o recebimento dos valores pagos em relação aos anos em que houve acordo.

“O acordo delimita nossas perdas. Mas não abrimos mão de nossas teses neste questionamento”, disse Siani, para justificar a continuidade da ação.

Remuneração

A Vale também aprovou, na assembleia, a remuneração global de R$ 103,929 milhões, a serem pagos este ano aos conselheiros de administração e fiscal, além da diretoria executiva.