Pré-candidata do PT ao governo do Estado, a senadora Gleisi Hoffmann também já trata de descolar-se da figura do deputado federal André Vargas, que até pouco tempo era cotado como um dos principais coordenadores de sua futura campanha. Em entrevista à Folha de São Paulo divulgada ontem, ela afirmou que a relação entre Vargas e o doleiro Alberto Youssef é um envolvimento que não encontra justificativa para ter acontecido e acaba impactando no PT e na política.

Em relação ao fato de seu colega de partido ter usado um jatinho fretado por Youssef – preso por lavagem de dinheiro – para uma viagem de férias ao Nordeste no início do ano, Gleisi afirmou que ele tem que responder por isso. Dizer por que fez, em que condições que fez. A ex-ministra da Casa Civil afirmou ainda que a eventual renúncia de Vargas ao mandato é uma decisão de foro íntimo.

Não me cabe fazer julgamentos nem condená-lo nem absolvê-lo, declarou. A senadora acha que Vargas tem direito de fazer a sua defesa e decidir se vai renunciar ou não. Caso ele prefera resistir e ficar no Congresso, ela afirmou que as instituições a que ele está ligado, tanto o PT como a Câmara dos Deputados, têm processos próprios de averiguação.

Segundo Gleisi, mesmo com a renúncia de Vargas, o impacto político do episódio tende a se arrastar durante toda a campanha. O fato em si foi muito negativo. Não só para o PT, mas para a política brasileira. É mais uma denúncia, é mais uma descrença na política que a gente tem que recuperar. Não sei se o fato de renunciar, de esclarecer, pode recuperar tudo isso, afirmou.

República de Londrina – Vargas começou a carreira política como vereador de Londrina, mesma base eleitoral do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, marido de Gleisi. Tanto que os três fazem parte da chamada República de Londrina, grupo que comanda o PT paranaense desde a ascensão de Bernardo ao ministério do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Antes das denúncias da operação Lava a Jato, na qual Youssef foi preso, Vargas disputava a indicação de candidato ao Senado na chapa de Gleisi para as eleições deste ano, sendo responsável ainda dentro do PT pela negociação de alianças com outros partidos.