Por Daniel Carvalho

RECIFE, PE, 18 de abril (Folhapress) – Apesar de ter se aliado ao PT para enfrentar a hegemonia de Eduardo Campos (PSB) em Pernambuco, o senador Armando Monteiro Neto (PTB), 62, minimiza a importância de ter Luiz Inácio Lula da Silva a seu lado na disputa pelo governo do Estado.

A promessa dos petistas, inclusive, é que o ex-presidente tenha participação ativa na campanha estadual em PE. “[Mas esta] Não é eleição de padrinhos. O povo não vai escolher entre Lula e Eduardo”, disse o petebista.

Ex-aliado de Campos, Monteiro disputa com o PSB a tese de que Pernambuco vai bem, mas pode melhorar. “Ficamos mais exigentes em relação ao futuro”, disse.

“A questão é a seguinte: quem é que pode conduzir isso [o novo governo]? É alguém que tem currículo próprio, que tem uma trajetória própria, ou é alguém que tem uma posição subordinada ou, vamos dizer, [é] mais dependente de uma liderança nacional, de uma figura como, no caso, o Eduardo Campos?”, questionou.

Na eleições deste ano, o senador vai enfrentar o ex-secretário estadual da Fazenda Paulo Câmara (PSB), escolhido por Campos.

Neto do ex-governador Agamenon Magalhães (1893-1952), Monteiro é de uma família com história na política. Seu pai, Armando Filho, foi deputado federal e ministro da Agricultura de João Goulart (1919-1976) no governo derrubado pelos militares há 50 anos (1961-64).

Desde 1998, o senador deseja comandar o Estado. Para isso, Monteiro busca agora um vice. A negociação do senador está entre PP e PDT.

Até agora, além do PT, Monteiro conta com apoio certo de apenas outras três siglas: Pros, PRB e PSC. Do outro lado, os pessebistas já contam com outros 16 partidos na aliança, entre eles, o PMDB. Mas o senador afirma ter a seu favor palanque em 178 dos 185 municípios de PE.

Ele diz ainda não ter ideia de quanto vai precisar para bancar sua campanha, mas nega que chegará aos R$ 60 milhões especulados. “Meu orçamento está aberto.”

Críticas econômicas

Ex-presidente da Fiepe (Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco) e da CNI (Confederação Nacional da Indústria) e sócio de uma metalúrgica, Monteiro se divide ao comentar sobre a política do governo federal.

Ele diz que Dilma Rousseff tentou alcançar os “objetivos corretos”, mas teve “dificuldades na implementação” de ações como a reforma tributária. Monteiro afirma ainda que o Brasil desacelerou em um contexto de perda de ritmo da economia mundial.

Por outro lado, ele aponta “falhas de comunicação” e desgaste do ministro Guido Mantega (Fazenda) com atitudes como o anúncio de metas de inflação e crescimento que não se confirmaram. “Mas o fato é que ele tem a confiança da presidente e atuou em determinadas circunstâncias muito bem.”

Tranquilo na maior parte do tempo, Monteiro só demonstra alguma irritação quando confrontado com temas que seus adversários estudam usar para atacá-lo durante a campanha.

Uma das críticas é em relação à sua mudança de lado ao longo da carreira política, já que até 2002 fazia oposição à Frente Popular de Pernambuco, grupo de sustentação do ex-governador Miguel Arraes (1916-2005) e de seu neto, Eduardo Campos, a quem se aliou em 2006 e se afastou no ano passado.

“Eu estou onde estava. Estou na Frente Popular. O que houve na Frente Popular é que o PSB, que estava também integrado a essa frente, resolveu conduzir uma candidatura presidencial própria, deixando a presidente Dilma. Eu continuei nesse campo”, afirmou.