SÃO PAULO, SP, 18 de abril (Folhapress) – Um ato em memória da auxiliar de serviços gerais Cláudia Silva Ferreira, 38, que morreu após levar um tiro e ser arrastada por um carro da Polícia Militar do Rio, reuniu centenas de manifestantes na tarde de hoje, no centro de São Paulo.

Organizada por mulheres negras, a manifestação foi chamada de Paixão de Cláudia, em referência ao martírio de Cristo, celebrado pelos cristãos hoje, no feriado da Semana Santa.

O ato começou por volta das 15h em frente à Igreja da Consolação e seguiu em cortejo ao som de atabaques até a estátua da Mãe Preta, próxima à Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.

Ali, manifestantes fizeram oferenda de rosas vermelhas. “É uma metáfora às mulheres que tanto sofreram em nome de outras pessoas, filhos, maridos, sobrinhos, várias gerações sustentadas por elas”, explicou uma das organizadoras do evento, Nina Vieira, integrante dos coletivos Manifesto Crespo e Roda da Mãe Preta.

Cláudia morreu no dia 16 de março, ao sair de casa para comprar pão de manhã. No caminho até a padaria, ela foi alvejada em uma troca de tiros entre policiais e traficantes da comunidade onde morava com o marido e os quatro filhos, o morro da Congonha, em Madureira.

Ao ser socorrida pela PM, ela teve o corpo arrastado por mais de 300 metros, preso ao porta-malas do carro da polícia. A cena foi filmada e causou revolta de moradores. Três policiais envolvidos na ação foram presos e o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB) classificou as imagens como “abomináveis”.

O viúvo de Cláudia, Alexandre Fernandes Silva, 42 anos, também esteve no ato. “Tem comunidades em que a UPP [Unidade de Polícia Pacificadora] trata o morador da mesma forma que antes, nada mudou”, afirma.

*com Agência Brasil