Por Diana Brito
RIO DE JANEIRO, RJ, 19 de abril (Folhapress) – Um dia após a ocupação de manifestantes sem-teto na entrada da Catedral do Rio de Janeiro, no centro da cidade, a arquidiocese cancelou hoje todas as celebrações de Páscoa no templo. A informação foi divulgada mais cedo pela assessoria de imprensa do cardeal-arcebispo dom Orani Tempesta.
A Catedral Metropolitana da cidade havia programado a Vigília Pascal para hoje, às 19h30, e a tradicional missa de Páscoa para amanhã, às 10h. Segundo a Arquidiocese do Rio, ainda não há previsão de quando será reaberto o templo.
A reportagem pediu uma entrevista com Dom Orani Tempesta hoje, depois que ele celebrou uma missa na igreja de São Pedro, pela manhã, no Rio Comprido (zona norte), mas ele respondeu que não falará com a imprensa agora.
Ontem, a Arquidiocese do Rio já havia cancelado a encenação da Paixão de Cristo na Catedral, realizada na Sexta-Feira Santa há 45 anos, devido à presença dos manifestantes.
Desde a madrugada de ontem, um grupo com cerca de cem pessoas ocupa parte do terreno da catedral. A maioria dos sem-teto tinha participado da ocupação do terreno da Oi, há três semanas, no Engenho Novo, zona norte carioca.
Dom Orani Tempesta faria a celebração às 15h de ontem. Em seguida, aconteceria uma procissão na Lapa, no entorno da igreja.
O professor Miguel Arcanjo dos Santos, 56, chegou por volta das 18h ao local e ficou decepcionado.
“Só sei que eles fecharam em razão de segurança porque ficaram com medo de ocupar o interior da igreja. Participo dessa celebração há dez anos e nunca tivemos isso. Até a procissão foi cancelada”, lamentou.
Em nota, a Arquidiocese do Rio afirmou que representantes ligados ao arcebispo se ofereceram para “mediar uma solução”.
Segundo a nota, os manifestantes chegaram a concordar em receber “atendimento provisório, em local do poder público, com apoio da igreja e serviços sociais”.
No entanto, os sem-teto voltaram atrás na decisão, segundo o texto. “Após ouvir assessorias, os necessitados retrocederam. A Arquidiocese do Rio lamenta que existam pessoas que ainda sofram em virtude da ausência de moradias e sejam manipuladas por outros interesses.”