“A história começa a se delinear. Será uma história de família”, anota o escritor-narrador do mais recente romance de Carola Saavedra, O Inventário das Coisas Ausentes (Companhia das Letras). Tomando um rumo um pouco diferente dos livros anteriores, Carola investe, agora, numa investigação mais próxima da família e da política, mas, ainda, sem deixar de lado o amor.

O Inventário é um romance fragmentado, como de costume na literatura da escritora de origem chilena. O livro reúne, na primeira parte, as anotações de um escritor para um futuro romance, (talvez) realizado na segunda parte, que tem o sugestivo título “Ficção”. A ficção dentro do romance é uma busca do personagem pela própria identidade, é a tentativa de ficcionalizar uma relação conturbada com um pai, que, já próximo à morte, tenta a reaproximação dolorosa com o filho distante.

As relações familiares, especialmente com a figura paterna, dão o ponto de partida do romance, que ainda toca nos assuntos amorosos (uma das frases recorrentes das anotações da primeira parte é “assim deve ser o amor”, uma aceitação resignada capaz de definir a posição dos personagens em relação ao tema) e políticos.

“Eu sempre achei que para certos temas, os mais complicados, eu precisava de mais tempo e maturidade”, diz Carola. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.