Em reunião ocorrida em Brasília na manhã de ontem dirigentes do PT avisaram o deputado licenciado André Vargas (PT) que, se ele não renunciar ao mandato, será expulso do partido. Vargas resistiu e desafiou a cúpula petista. Não renuncio. Agora vou até o fim e vou fazer o meu sucessor na vice-presidência da Câmara, afirmou.
O presidente do PT, Rui Falcão, disse a Vargas que as denúncias de irregularidades envolvendo o nome dele desgastam ainda mais a imagem do partido, já abalada com o escândalo do mensalão. Você já deveria ter renunciado para evitar tudo isso, afirmou Falcão, em tom duro.

A reunião, na sede do PT, foi marcada pela tensão. A portas fechadas, o presidente do PT pediu a Vargas que abra mão do mandato para não prejudicar o partido e as campanhas eleitorais de Alexandre Padilha ao governo de São Paulo; de Gleisi Hoffmann à sucessão no Paraná e da própria presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição.

Diante da resistência de Vargas – que levou para a reunião os deputados José Mentor (SP) e Luiz Sérgio (RJ) -, dirigentes petistas deixaram claro não haver dúvida sobre sua expulsão do PT, uma vez que o caso já está com a Comissão de Ética da legenda. Nós sabemos que você não vai conseguir sustentar sua versão dos fatos no Conselho de Ética e no plenário da Câmara, disse Falcão a Vargas. Ele tem o direito de se defender e nós vamos ajudá-lo, rebateu Mentor.

Pressionado pelo PT e por ministros, Vargas só renunciou até agora à vice-presidência da Câmara.
 Ainda ontem, Falcão faria relato da conversa com Vargas à presidente Dilma, no Palácio da Alvorada, juntamente com outros coordenadores da campanha. Para o líder do PT na Câmara, Vicente Paulo da Silva (SP), o Vicentinho, Vargas está cometendo um grande erro ao expor o partido, o governo e seus candidatos. Ele vai ficar sangrando em praça pública, disse Vicentinho, que também participou da reunião. Esperamos que ele volte atrás.