World Travel Market – WTM – é evento realizado há mais de 30 anos em Londres.

Está acontecendo pela segunda vez na América Latina, entre hoje e dia 25 de abril, no Transamérica Expo Center, São Paulo. Com presença de 90 países, destaca a Grécia como Official Host Country Partner.

Salvatore Costanzo, diretor da ENIT para a América Latina, trouxe ao Brasil grandes empresas e representantes da Emilia Romagna, Bologna, Umbria, Modena. Os escritórios de turismo de cada região presente estarão divulgando circuitos religiosos, culturais, de luxo, gastronômicos, promovendo os principais vinhos locais.

Dois representantes da Expo Milano 2015, marcada para o período de 1 de maio a 31 de outubro do próximo ano em Milão reunindo países do mundo inteiro, estarão comercializando o grande evento internacional na cidade do requinte, da moda, da gastronomia, da música e do design.

Uma das preocupações da ENIT é mostrar que o Vêneto não é apenas Veneza, mas que os destinos turísticos são bastante diferenciados: Asiago, Caorle Bibione, Chioggia, Sottomarina, Dolomites, Spas Euganean, Lago de Garda, Jesolo Eraclea, Padua, Delto do Pó, Treviso, Verona e Vicenza, formando um leque de opções atrativas.

Há praias e desportes náuticos, montanhas nevadas e excelentes endereços de Spa, locais preparados para turismo de negócios, pequenas cidades de pescadores. E arte. Muita arte, acumulada em milênios de cultura. Tudo concentrado na região do Vêneto, com distâncias de uma hora (Vicenza e Chioggia) a três horas ( Dolomites) partindo de Veneza.

CHIOGGIA ETRUSCA
Chioggia foi fundada por etruscos na época romana. Entre a Laguna de Veneza e o Mar Adriático, no ponto onde desaguam os principais rios italianos, cresceu com a chegada dos que habitavam a região da hoje Veneza, fugitivos dos hunos (452) e dos longobardos (568).

Foi saqueada por mando de Pepino, o Breve, rei da França (810) e pelos húngaros (902). Depois foi dominada pela Sereníssima, sob o comando dos Doges. Foi teatro da histórica Guerra di Chioggia (1379-80) travada entre as duas repúblicas marinhas de Gênova e Veneza, pelo domínio dos mares.

Depois de um longo período de pestes e pobreza, a cidade descobriu sua vocação para a pesca. Hoje é chamada de pequena Veneza e tem como símbolo também um leão, bem menorzinho do que o da Sereníssima.

Na verdade as semelhanças param por aí e ela nem precisa de comparações. Chioggia é uma deliciosa cidadezinha rústica que surge num grupo de ilhas atravessadas por três canais, por onde navegam os bragozzi, barcos de pesca com velas de formatos variados e cascos coloridos. Belas igrejas – São Domingos, San Giacomo, a gótica San Martino –guardam obras de arte de várias épocas. Os elegantes monumentos cívicos são representados pela Ponte Vigo (século XVII), que liga com a pequena ilha de San Domenico, sagrada para os pescadores.

Passear pelas 72 calli e campielli , atravessar as 15 pontes, levam a boas descobertas da cidade que tem forma de barcaça. A Catedral é o edifício principal, sobre a antiga fundação, reconstituído em 1110. Destaque para o imenso campanário. O que o turista não deve perder é o Palazzo del Granaio, construção gótica de 1322 para uso público, como depósito de grãos. A parte inferior foi transformada em mercado de peixes, a Pescheria. Na entrada principal, o Portale da Prisca, do escultor de Pádua, Amleto Sartori.

VICENZA
Vicenza é outro destino especial na região. Andrea di Pietro dela Gondola, nascido em Pádua em 1508, mudou-se para Vicenza em 1523, ganhou o apelido de Palladio e transformou a cidade. Viajando várias vezes para Roma, foi influenciado pela arquitetura da Cidade Eterna, assimilando estilos da capital. Palladio morreu em 1580, deixando em Vicenza meio século de arte arquitetônica, copiada também por Inigo Jones na Inglaterra.

A primeira grande obra de Palladio foi a Basílica de Monte Berico, em cujo refeitório fica exposta O Convito di San Gregorio Magno, obra prima de Veronese de 1572. A Basílica foi idealizada para reviver as antigas igrejas romanas, que foram centro jurídico e econômico das cidades.

Hoje o turista visita a Villa Valmarana, do século XVII, onde Tiepolo pintou uma das mais importantes séries de afrescos. O roteiro inclui os palácios Chiericati, Thiene, da Porto Festa, Valmarana e a célebre Rotonda, na qual o tema clássico faz contraponto com as necessidades típicas do lugar, combinando a natureza com a vida social.

O famoso Teatro Olímpico, última obra de Palladio, teve como modelo as estruturas teatrais romanas e foi o primeiro teatro coberto da Era Moderna. É palco de grandes espetáculos clássicos, já que o palco é fixo, com cenários em perspectivas trabalhados em madeira de várias cores. Sua obra é parte do Patrimônio da Humanidade (UNESCO) e é da máxima importância para quem aprecia ou estuda arquitetura.

VÊNETO EM CURITIBA
Foi há 136 anos que chegaram na capital paranaense os primeiros imigrantes italianos, vindos da região do Vêneto. A saga dos 900 italianos começou em novembro de 1877 , quando partiram de Gênova. O primeiro contratempo foi a parada obrigatória em Marselha, na França, para a quarentena, enquanto alguns passageiros pudessem se recuperar de um surto de angina.

Depois foi o dissabor de saber que o navio seria trocado por um outro. Desta vez movido a vela. Os passageiros desistiram da viagem e retornaram a Gênova. A Itália da época passava por fome e pobreza, originadas das guerras de unificação. O que levou aos frustrados passageiros e retomarem o caminho da aventura, embarcando novamente para o Brasil em 11 de dezembro de 1877, desta vez no navio a vapor Sulis, para uma viagem que durou um ano: chegaram ao Rio de Janeiro em 2 de janeiro de 1878.

A etapa seguinte foi o Porto de Paranaguá, três dias depois, para serem alojados em Porto de Cima e São João da Graciosa (Morretes). O calor e o solo inadequado para o plantio, fizeram os italianos do Vêneto procurarem por Curitiba. Foi assim que, em novembro de 1878, as quinze famílias subiram a serra e compraram terras na região do Butiatuvinha, originando a Colônia Santa Felicidade, em homenagem a Felicidade Borges, uma das proprietárias do terreno.

Posição de Santa Felicidade no mapa de Curitiba

Entrada de Santa Felicidade, o bairro Vêneto de Curitiba

Nostalgia da terra natal, fez do bairro de Santa Felicidade uma lembrança do Vêneto
Paisagens sempre fotogênicas, característica do Vêneto

Canais, casas coloridas, belezas das ilhas Murano, Burano, próximas de Veneza
Burano ficou conhecida pelas rendas artesanais e pelas casas pintadas em cores vivas
Castelos, palácios, fortalezas, muralhas: um mundo feito de pedras e história
No inverno, a neve. No verão, os canais, lagos, lagunas do Vêneto

A marca dos primeiros imigrantes é atração em Santa Felicidade

UM PEDAÇO DO VÊNETO
Cinco anos depois, já eram 70 famílias na colônia, que abrigava os novos imigrantes italianos, todos dedicados à criação de gado, horticultura e produção de queijos. Também começou a tradição de fabricação de móveis e peças de vime. Em 1891 foi construída a Igreja São José. Oito anos depois, a primeira escola. No final do século 19 já 200 famílias em Santa Felicidade. Muitos começaram a abrir suas casas para a venda de uvas, que na época da colheita, eram consumidas no próprio parreiral.

Algumas donas de casa passaram a servir polenta, frango frito e salada de radichio na sala de jantar, nos finais de semana. Os curitibanos se acostumaram a viajar até Santa Felicidade, para curtir o domingo longeda cidade. Durante a semana colonos chegavam com suas longas carroças até o centro, junto da Praça Tiradentes, para vender ovos, galinhas vivas, vinho caseiro, batatas , verduras e frutas, queijos e manteiga. Bons tempos aqueles, em que tudo era natural, de boa qualidade e sempre produtos frescos.

Hoje Santa Felicidade está ligada por asfalto, que só chegou na década de 60, e faz parte da grande Curitiba. Tornou-se o bairro turístico por excelência, com seus inúmeros restaurantes, lojas de artesanato, mansões e muito movimento. A gastronomia é a grande atração para curitibanos e turistas: polenta frita, nhoque, frango frito com sálvia do quintal, risoto são os destaque. O Novo Madalosso é símbolo de Santa Felicidade, com seus 4.645 lugares. Inaugurado em 1970, faz parte do Guinness Book, como o maior restaurante das Américas.

Quando for até lá, olhe com carinho para a arquitetura da Casa dos Gerânios (1891), a Casa dos Arcos (1895) e a Casa Culpi (1897). São casas da saudades de quem deixou a pátria mãe, para desbravar um novo mundo em terras distantes. Falando o dialeto de Vêneto, hoje esquecido. As novas gerações estão totalmente integradas e, do passado, ficou a nostalgia. E o lema trabalhar, comer bem e rezar, que poderia ser título de um novo best seller.