A vontade de mudar de emprego é real para 64% dos entrevistados da pesquisa realizada pelo site Trabalhando.com, porém um alerta se acende em relação a isso: o problema está no emprego ou no profissional?

É essa análise que o especialista em Executive Coach e coordenador do MBA de Liderança do Estação Business School, Guilherme Piazetta, ressalta como principal. De forma geral, entendo que uma luz amarela pode ser acesa quando a pessoa começa a desejar que o final de semana não acabe, para que não precise enfrentar uma nova semana carregando sua insatisfação profissional. Entretanto, esse sentimento não significa que necessariamente a mudança de emprego resolverá a situação, pois se o problema for inerente a questões pessoais mal resolvidas, o problema externo apenas mudará de endereço, e o interno continuará onde está.

Por esse motivo deve ser analisado se a insatisfação é de fato com o local que se está trabalhando ou por uma vontade de mudar de área, ou por não estar se adaptando ao ambiente de trabalho, por exemplo. A pesquisa apontou que um dos principais motivos é problemas de relacionamento com o chefe ou com a equipe. O clima e a relação com o chefe está ligado em sua maior parte as habilidades de liderança do responsável pelo time. Quanto mais elevado for o nível de domínio das competências comportamentais básicas do gestor, como comunicação e relacionamento interpessoal, motivação, resolução de conflitos e coaching, melhor será o clima no ambiente, explica Guilherme.

Porém, se o gestor não possui essas habilidades, há duas atitudes: a primeira, mais comum, é a pessoa entrar no estado de vítima, culpando os outros pelo clima, e as coisas provavelmente não mudarão. Ou a segunda é buscar a mudança a partir de si mesmo. Para isto, a instrução de um mentor ou coach vem trazendo resultados muito positivos no mercado de trabalho, modificando pensamentos e atitudes para conquistar objetivos.

QUESTÕES QUE SE DESTACAM NA VONTADE DE MUDAR DE EMPREGO

RELACIONAMENTO COM O CHEFE – Se seu superior não possui habilidades de liderança efetivas, você poderá acionar o modo vítima, e culpá-lo pela sua insatisfação, ou buscar ferramentas para que você gere alguma mudança a partir de você mesmo. Por exemplo: o meu chefe não gosta de mim. Mas e o que você pode passar a fazer, de diferente, para que ele passe a gostar? Uma pessoa que pede demissão e coloca a culpa em seu chefe, provavelmente enfrentará problemas de relacionamento no seu próximo emprego, seja com o chefe ou não.

AUMENTO DE SALÁRIO – Existe uma regra de mercado que funciona no mundo inteiro: as pessoas recebem por sua raridade, e não por sua habilidade ou competência. Ou seja, quanto maior for minha especialidade profissional, maior será minha raridade, e maior será meu salário. As pessoas em geral se frustram porque trabalham como generalistas, e desejam receber como especialistas. Porém, para receber como especialista é preciso dedicação, estudo e desenvolvimento. Muitos não estão dispostos a pagar esse preço, mas querem receber o prêmio. Outra situação pode estar relacionada à falta ou má política de cargos e salários da empresa. Neste caso, a opção mais rápida é colocar-se a disposição do mercado mesmo, buscando uma empresa que possua esse processo de forma mais efetiva.

SENTIR-SE SOBRECARREGADO – A sensação de estar sobrecarregado geralmente é proveniente de fatores externos, como uma mudança departamental, seja de processos ou de pessoas. É uma excelente oportunidade para o profissional aumentar suas habilidades de liderança. Na maioria das vezes, há duas formas de resolver esse problema: primeiro, o profissional aumenta o nível de suas habilidades técnicas ou de gestão do tempo, e existem ferramentas para isto. Segundo, aumenta sua habilidade de comunicação com seu superior, encontrando uma maneira de mostrar a ele que o processo não esta sendo produtivo emocionalmente da forma que está.

FALTA DE RECONHECIMENTO – Pode derivar de dois fatores também. Líder que possui baixo nível das habilidades de liderança ou expectativa mal dimensionada do liderado. No segundo caso, o profissional pode melhorar a situação desenvolvendo novas habilidades de liderança também, especialmente comunicação interpessoal.

Todavia, Guilherme Piazzetta reforça que a mudança física de emprego, não significa uma melhoria no grau de satisfação com sua vida profissional. Se o profissional não eliminar as crenças limitantes relacionadas à sua própria postura e visão de mundo, provavelmente o novo emprego servirá como uma espécie de injeção de morfina, aliviará a dor temporariamente, mas não resolverá a insatisfação profissional, pois esta é interna ao individuo, relacionada aos seus princípios e valores, conclui.