Em decorrência da chuva que atingiu Curitiba e outras cidades do Paraná nos últimos dias, a Secretaria Municipal da Saúde alerta para o risco de transmissão da leptospirose entre as pessoas que tiveram contato direto com a água das cheias. A doença é transmitida por uma bactéria presente na urina de rato – a Leptospira –, transmissível com maior facilidade em períodos de chuvas. Em 2013, Curitiba registrou 114 casos de leptospirose, com 13 óbitos.

A diretora do Centro de Epidemiologia da Secretaria, Juliane Oliveira, explica que em situações de cheias, o risco de exposição à doença aumenta. A bactéria, presente na água contaminada pela urina dos ratos, entra no organismo humano através da pele, boca e olhos. Por isso, no momento de fazer a limpeza das residências, é fundamental usar acessórios como botas e luvas para evitar o contato direto com a água, salienta.

Juliane lembra que a leptospirose não está restrita à periferia e, para combatê-la, é fundamental o envolvimento de toda a sociedade. O acúmulo de lixo nas grandes cidades e os depósitos de materiais recicláveis acabam atraindo roedores e potencializando o problema. Em uma enchente, toda a população fica vulnerável à doença, reforça a diretora.

Sintomas

Pessoas que tenham tido contato com a água das chuvas devem ficar atentas aos sintomas da leptospirose e buscar atendimento médico o mais rápido possível. Os sintomas mais comuns são febre, dor de cabeça, dores musculares e icterícia (pele amarelada). São sinais que podem ser confundidos com uma gripe forte, daí a importância de buscar orientação profissional. Quanto antes for feito o diagnóstico correto da doença, melhores são as chances de recuperação, comenta.

Em abril, a equipe do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da Secretaria deu início ao projeto para implantação do Sistema de Alerta de Leptospirose em Curitiba. O objetivo principal do projeto, que deve entrar em funcionamento até o final do ano, é criar um sistema de alertas antes e depois de enchentes e inundações destinado a repassar informações estratégicas para unidades básicas de saúde e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) 24 Horas.

À medida que os profissionais de saúde tiverem as informações mais relevantes sobre as áreas de risco para a leptospirose, estarão melhor preparados para identificar e prevenir novos casos da doença, explica o coordenador do CCZ, Juliano Ribeiro. O sistema vai permitir que os profissionais de saúde façam um cruzamento dos sintomas do paciente com as informações do seu local de residência e dos locais que frequentou para verificar se esteve em alguma região de risco.

Precauções

– Ao circular por áreas que foram atingidas pelas chuvas, use sempre calçados bem fechados, preferencialmente botas longas;

– Inutilize todos os alimentos que tenham tido contato com a água das chuvas;

– Ao fazer a limpeza de residências, use sempre botas e luvas;

– Evite levar a mão molhada à boca ou aos olhos. Com isso, evita-se que a bactéria penetre por lesões existentes na pele ou nas mucosas;

– Animais domésticos devem ser vacinados com regularidade para evitar a doença;

– O lixo doméstico deve estar sempre embalado;

– Só consuma água fervida ou coloque algumas gotas de hipoclorito de sódio ou de água sanitária antes de beber ou cozinhar;

– Lave bem os alimentos, especialmente frutas e verduras que serão consumidas cruas;

– Mantenha as caixas d’água sempre tampadas;

– Mantenha os alimentos guardados em recipientes bem fechados e à prova de roedores (latas de vidro, alumínio);

– Retire as sobras de comida ou ração de animais domésticos antes do anoitecer e mantenha limpos os vasilhames;

– Quintais e terrenos devem estar sempre limpos e sem o acúmulo de entulhoscomo telhas, madeiras e materiais de construção, que costumam servir de abrigo aos roedores;

– Não jogue lixo nas ruas, córregos e rios;

– Ao perceber qualquer sintoma, procure um serviço de saúde e evite a automedicação.