Em 2013 a Croácia entrou para a Europa Comunitária, quando um euro passou a ser igual a 7 kunas.

A capital, Zagreb, sempre foi abafada pela beleza e fama de Dubrovnik. Mas será também sempre um lugar perfeito para uma viagem e volta a ser notícia, desde que inaugurou, em 2009, o Museu de Arte Contemporânea. Cidade de inspiração barroca, agora combina arte, compras, programas noturnos e muita história. No meio das influências eslavas e mediterrâneas, o catolicismo está sempre presente, assim como a liberdade de atitudes.

É Europa. Mas uma Europa diferente, com vitela ensopada no prato, tênis Startas (um sucesso no mundo todo), concertos pop nas margens do rio Save, quando os jovens ficam bebericando licor de nozes (Orahovac), que alguns misturam até no leite.

Fotos: Dayse Regina Ferreira

Lendas e mistérios permeiam a história de cada cidade

UNANIMIDADE
Zagreb está na Região continental do país onde ficam também outras atrações como os lagos de Plitvice, a região de Lika, os bosques de Gorski Kotar e os campos de trigo da Eslavonia. O país tem oito Parques Nacionais e sete locais declarados Patrimônio da Humanidade pela UNESCO: o Parque Natural de Plitvice, a cidade velha de Dubrovnik, o Palacio de Diocleciano em Split, a cidade de Trogir, a catedral de Santiago em Sibenik e a basílica de San Eufrasio em Porec e o planalto de Stari Grad na ilha de Hvar.

Existem ainda sete manifestações de Patrimônio Imaterial, recentemente reconhecidas: a Festa de San Blas em Dubrovnik, as rendas e bordados croatas, os brinquedos artesanais de Hrvatsko Zagorje, o Carnaval de Kastav, o canto agudo em duo de Istria, a procissão Via Crucis em Hvar e o desfile de Primavera em Gorjane.

O país está pronto para ser um dos destinos turísticos para férias mais populares e a região da Istria é um das melhores atrações, embora seja apenas uma das paradas a serem feitas na Croácia, país que ainda não é caro. Por unanimidade, todos colocam entre as prioridades a serem visitadas as muralhas de Dubrovnik lembrando que a cidade é considerada um dos lugares mais românticos do mundo, junto a ilha de Bora Bora, Paris e Veneza.


Bares, restaurantes, joalherias e artesanato movimentam a capital croata

COMENDO A CROÁCIA
A culinária croata é repleta de história e mostra, em cada receita, a influência que outros povos que dominaram suas terras, deixaram de lembrança. Desde romanos até aos turcos. Entroncamento de civilizações, os mundos ortodoxo, islâmico e católico influenciam, e a passagem das culturas diversas marca também a política, além da religiosa.

Cada região da Croácia tem suas especialidades gastronômicas. Na Região litorânea, a influência maior é a do Império Romano, com o dalmatisnka strudla, feito com massa do crostoli, doce típico italiano. Outro prato que lembra Roma é o prsut, presunto cru semelhante ao presunto de Parma. Na Dalmácia os pratos mais famosos são o brudet, um cozido de peixes e batatas, e o zelje, ensopado de verduras com costela de porco salgada.

Na Região norte e influência é austro-húngara, com muita batata e repolho, doces e salgados com massa folhada. Na capital Zagreb, o strukla é massa folhada recheada com queijo ou carne. No norte da capital é o Krempita, mil folhas recheado com creme doce. E no norte do país, o sarma ganha todas as mesas, um charutinho feito com repolho azedo, arroz e carne defumada.

Na Região continental o prato principal é o goulash, ensopado de carne que é lembrança da influência húngara na região.É destaque principalmente na Eslavônia, onde é grande o consumo de raíz forte. E na região de fronteira com a Bósnia, a influência é turca, com o famoso bosanski lonac, cozido feito com camadas de legumes (cenouras, batata, repolho, vagem, tomate, cebola) e vários tipos de carnes. Também é típico o burek, uma torta de semolina com mel.


No verão sempre há espetáculos e feiras nas principais praças das cidades

RECEITA PARA A COPA
Na Copa, vá para a cozinha e sirva, na copa, o Strudla. É feito com ½ quilo de farinha de trigo, 3 colheres de sopa de açúcar, 1 ovo inteiro e 1 gema, 1 colher de sopa de rum, baunilha, 1 colher de sopa de manteiga, leite morno até dar ponto. Recheio: 10 maçãs ácidas picadas, 100 gramas de uva passa sem semente, 4 xícaras de açúcar, 2 xícaras de farinha de rosca, raspas de 2 limões. Dá duas unidades.

Misture farinha, açúcar, ovo, gema, baunilha e manteiga e coloque aos poucos a farinha, até a massa ficar uniforme. Divida em duas partes, abra cada pedaço com 60 cm x 45 cm, pincele com óleo e espalhe 5 maçãs picadas, 50 gr. de uva passa, 2 xícaras de açúcar, 1 xícara de farinha de rosca e raspas de casca de limão em cada metade de massa. Enrole como rocambole. Coloque em assadeira untada. Enquanto estiver assando, regue a massa com calda de açúcar e maçã que sai do doce. Depois de frio, polvilhe com açúcar de confeiteiro.

Querendo um prato salgado, experimente o Sarma: para 5 porções, reserve 750 gr. de acém moído – 750 gramas de pernil de porco moído- 1 copo de arroz – pimeta do reino- toucinho picado – cebola e alho picados – sal – 1 repolho – 1 quilo de repolho azedo (chucrute).

Amasse os dois tipos de carne moídas com pedacinhos de toucinho e acrescente arroz cru, temperos, alho e cebola. Ponha a cabeça de repolho em água quente, para amaciar as folhas e torna-las maleáveis. Separe as folhas, corte a parte central se estiver muito firme, recheie cada folha com a misture de carnes temperadas e arroz cru. Na panela, intercale uma camada de chucrute e uma de sarma. Por último acrescente uma camada de linguiça, costela de porco e toucinho defumados.

À parte, torre um pouco de farinha de trigo em uma frigideira e tire do fogo. Junte páprica doce, água e azeite, misturando bem. Jogue o creme sobre a panela com sarmas e leve ao fogo, até que tudo esteja bem cozido.


O azul do Adriático, que todos os turistas procuram

ARTE
Com o Museu de Arte Contemporânea, de linhas depuradas, projeto do arquiteto Igor Franic, Croácia passou a ser a capital artística dos Balcans. O museu segue o conceito de coleção em movimento, com somente 5% das 12 mil obras do acervo em exposição permanente. Há muita arte moderna e um pouco de arte contemporânea. No último andar, um vertigem: o tobogã gigante de Carsten Höller, que desce até ao chão, é atração. Na Nova Galerija, dirigido por quatro mulheres que foram comissárias da Bienal de Istambul,o destaque é a arte politizada. Lá também funciona a única sanduicheria da cidade aberta 24 horas, todos os dias. No Pavilhão das Artes, edifício redondo que chama a atenção, as exposições mostram o que há de mais atualizado no campo das artes, filosofia seguida também pelo Booksa, um café com ares de feira de quinquilharias, com várias escolhas de livros, para comprar ou emprestar, roupas, lugar onde os encontros são sempre regados a muita bebida e muita conversa.

COMPRAS
O mercado Dolac, aos sábados pela manhã, é o lugar certo para experimentar um queijo fresco (sir i vrhnje), descansar em um dos cafés da região e visitar a Catedral. Nesse dia as lojas fecham ‘as 15 horas. Para conhecer as griffes locais é preciso ir até a Boudoir, na rua Rodiceva. Ao lado, a Galerija Link tem peças de couro bem originais. Nas mesma rua a G (Gordana Horvat) fabrica belas jóias. E na Nenad Roban, as criações gráficas são vendidas até no Museu de Arte Contemporânea. Tradicional, a Lumezi trabalha somente com pedras, como o quartzo rosa e a ametista. É um dos raros designers de jóias que abre seu atelier ao público.

O que todos procuram comprar é o Startas, marca de sapatos de lona que se transformou em uma espécie de tênis do Estado, já nos tempos da Iugoslávia. Usados pelos empregados dos bares e pelas crianças das escolas, custam 25 euros e são a mania dos modernos estrangeiros. Imperdível é o Mercado das Pulgas Britanski, onde é possível encontrar bolsas dos anos 50 por algo em torno de 30 euros, lâmpadas industriais, fivelas vintage para o cabelo . É o programa de todos nos domingos.


O moderno em harmonia com a história e o passado

PARA COMER
Na praça Kvaternik, a Dann Daj, ao lado da loja Nama, é um dos últimos café soc onde as atendentes ainda usam saia e colete azul sobre blusa branca e calçam sapatos Borosana (medicais). O programa noturno é dançar nos velhos cinemas transformados em centros culturais, como o Europa (todas as sextas feiras e sábados) e o Gric.

Krivi Put, que os locais chamam apenas de KP, é um antigo atelier perto do Jardim Botânico, transformado em bar e galeria de arte, onde a reunião é para ouvir jazz e música pop dos anos 80. Há quem continue a noite indefinidamente, aproveitando que há transporte público 24 horas. Tudo termina na Amfora, na praça do mercado Dolac, café soc que abre ‘as 5 da manhã e acolhe notívagos e madrugadores.

O aperitivo deve ser um licor de mirtilo, seguido de uma vitela cozida em panela de barro coberta de cinzas quentes, ou uma sopa de peixe com polenta, prato típico da Dalmácia. O vinho pode ser um 1992 Arhiuska Gravesina Kutjevo. Na sobremesa, bolo de cenoura, maça e chocolate.

Quem viajar para lá em fins de junho e início de julho, vai poder assistir ao Festival Eurokaz, de dança contemporânea, pop opera, performances, concertos acústicos. Veja no www.eurokaz.hr

Subir ou descer de funicular, inaugurado em 1839, ligando a rua Ilica a Strossmayer, é parte do roteiro.

E quem gosta de luxo tradicional, vai se hospedar no Regent Esplanada, construído em 1925 para atender aos passageiros do Orient Express. As diárias iniciam em 159 euros. Veja no www.regenthotels.com

Seja qual for o resultado do jogo Brasil-Croácia, saiba que todas as belezas do país feito de ilhas soltas no azul forte do Adriático merecem uma viagem. História, arte, paisagens de tirar o fôlego, muito céu, muito mar, muito colorido. Gente alegre, hotéis luxuosos, boa cozinha, compras de artesanato cheio de charme. Fórmulas que garantem uma viagem perfeita. Ponha na sua agenda.