Ano passado nesta época, estávamos vivendo uma série de manifestações que não identificava se eram populares mesmo ou que visam reivindicar necessidades básicas, ou se estaríamos diante de uma verdadeira revolução social. Afinal, multidões enfurecidas estavam nas ruas e rodovias deste Brasil, cobrando por mudanças, e, o que era anteriormente pela diminuição do preço da tarifa do transporte coletivo urbano, transformou-se numa enorme agenda de reivindicações, tocando em feridas sociais que perseveram há anos em cicatrizar por ausência de zelo político e ações verdadeiras dos governantes. Através da utilização do uso das redes sociais, tornaram inéditas o alcance, fazendo com que os protestos atingiam proporções intercontinentais, sendo manchete dominante na imprensa.

Como já dito, naquele cenário, uma sensação de perplexidade dominava o noticiário da imprensa, sem que os analistas sabem de tudo conseguissem explicar o que estava acontecendo, onde eram atribuídas diversas motivações, sendo algumas plausíveis outras irracionais. Fato é que ninguém, ao certo, sabia explicar os rumos de um movimento surgido muitas vezes nas redes sociais, mas que carecia de elaboração clara. Resultado daquilo, fora que em pouco tempo se perdeu o rumo dos protestos, a partir da utilização desses movimentos por grupos interessados em confrontar o estado sugerindo atos de violência. Como noutras democracias do globo, não faltaram aqui os defensores desses grupos, jogando para as forças policiais a responsabilidade pelos atos desmedidos de força, sem levar em conta que o que interessava mesmo às supostas vítimas era desgastar o estado através da imagem policial como instrumento de repressão.

Indiscutível que em alguns casos a polícia possa ter agido além de sua autonomia, decorrente da própria forma do manifestante agir motivando o desiquilíbrio do agente estatal. Noutra banda, diversos formadores de opinião, os atos de força partiam somente da polícia, ignorando a tática dos grupos violentos de provocar por provocar, não era difícil identificar no cidadão comum a repulsa a esse tipo de joguete ideológico.

Passando da metade do período da Copa do Mundo, o que já visualizamos nos protestos já ocorridos não obtiveram sucesso, de forma pública e crítica. Isso ocorreu, provavelmente, por ter aqueles mesmos manifestantes que participaram no ano passado, que utilizou deste mecanismo como retórica, compreendeu a sua importância e não admitiu as manipulações, muito menos a burlesca da violência em prol da violência.André Marques é advogado, consultor, escritor, membro da Comissão de Segurança Pública da OAB/GO e doutorando em Direito.

 

André Marques é advogado, consultor, escritor, membro da Comissão de Segurança Pública da OAB/GO e doutorando em Direito