Recentemente, a Academia Americana de Plástica Facial e Cirurgia Reconstrutiva divulgou dados que servem para alertar a todos: um em cada três cirurgiões plásticos registrou um aumento nos pedidos de procedimentos porque os pacientes estão mais preocupados com os olhares nas redes sociais. O resultado em números corresponde a um crescimento de 10% no número de rinoplastias, 7%, em implantes de cabelo, e 6%, em cirurgias da pálpebra em relação ao ano anterior – 2012 e 2013.

O motivo disso é muito claro: as redes sociais utilizadas hoje em dia são movidas quase inteiramente pela imagem das pessoas – os usuários da internet passam horas olhando fotos de outras pessoas (e as próprias fotos), por isso, tornam-se mais críticos com a sua aparência. Hoje essas fotos são a primeira impressão que as pessoas causam. É por meio dessas redes sociais que elas conhecem ou se conectam com amigos, companheiros e até oportunidades de emprego, e todos querem apresentar uma boa primeira impressão – mesmo que para isso eles acreditem que seja necessário submeter-se a cirurgias plásticas, explica o Dr. Alderson Luiz Pacheco, cirurgião plástico da Clínica Michelangelo, de Curitiba – PR.

Outro fato que comprova isso é o aumento na busca por cirurgias plásticas envolvendo jovens. Médicos ressaltam um crescimento espantoso no pedido de cirurgias estéticas por pessoas com menos de 30 anos – e o principal público são as mulheres, somando 81% dos procedimentos feitos no ano passado.

Pacheco diz que é difícil comparar diretamente o aumento nos procedimentos estéticos com o fenômeno selfie, mas ao mesmo tempo relata que já recebeu pacientes que diziam ter encontrado seus defeitos em fotos publicadas nas redes sociais.

No Brasil, foram realizadas no ano passado 1,5 milhão de cirurgias plásticas, sendo um milhão delas com fins estéticos. É difícil afirmar com certeza o que motiva tamanho número de cirurgias, mas o hábito de se observar mais em fotografias pode aumentar a percepção de defeitos, comenta.

O Facebook é tão real quanto um reality show, e as pessoas tentam sempre expor o seu melhor – mesmo que isso seja uma ilusão. Isso afeta a autoestima das pessoas e pode resultar até em problemas mais sérios de saúde, como depressão e distúrbios alimentares, ressalta Pacheco, que exalta: mas vale ressaltar que essa fixação em redes sociais pode afetar a auto-estima das pessoas, mas desde que elas já possuam alguma fragilidade ou distorções em relação à própria imagem. O selfie, por si só, não é perigoso – é o mesmo que culpar o revólver por um assassinato, não faz sentido, pontua.