Apaixonado declarado pela minha pátria e em constantes viagens realizadas pelo Brasil, à trabalho ou a lazer, tenho deflagrado as múltiplas possibilidades do turismo interno. O turismo tem um grande potencial ainda inexplorado pelos brasileiros e pode se destacar como um dos setores mais importantes da nossa economia.
A importância do desenvolvimento do turismo nacional é ainda mais patente se considerarmos o seu papel como indutor de crescimento econômico, geração de emprego e renda, sob moldes de causação cumulativa. O turismo é uma atividade em expansão em todo o mundo e pode contribuir muito ao crescimento econômico do Brasil. Seu impacto na economia deverá alcançar 9,5% do PIB, segundo o WTTC. A geração de emprego é muito forte nessa área, e atinge tanto os altos quantos os baixos níveis de escolaridade.
Algumas frentes de ação já têm sido implantadas a fim de incentivar a crescente demanda interna. De acordo com um estudo realizado pelo Ministério do Turismo, o próprio país atrai três vezes mais brasileiros que destinos no exterior. Entre elas, destaca-se a formulação do Plano Nacional de Turismo, o qual apresenta orientações estratégicas para o desenvolvimento da atividade no Brasil para os próximos anos, a partir da integração de esforços dos âmbitos federal, privado e terceiro setor. O Plano prevê ainda a elaboração periódica de documentos de cunho executivo, os quais direcionarão ações prioritárias e recursos públicos e privados para a solução de gargalos que tem impedido o pleno desenvolvimento turístico doméstico.
O principal rombo que o Brasil apresenta em seus cartões postais é a nossa defasagem em termos de infraestrutura e logística. Essas deficiências dificultam a integração de diferentes destinos internos. Além disso, em face da alta taxa de ascensão social em todos os níveis, que vem sendo registradas nos últimos anos, a hotelaria de luxo tem se desenvolvido a passos lentos. Os hotéis que recebem a designa no Brasil são apenas upscale nos EUA e em países da Europa, e os principais grupos que atendem esses clientes não estão no país por conta do chamado “custo Brasil”. Contudo, as obras realizadas para atender às demandas dos grandes eventos sediados no país, a Copa e as Olimpíadas, deixam um legado promissor (a respeito da qual dispensamos apenas os salgados preços cobrados, de difícil digestão!).
À despeito de toda brecha que possamos mencionar do nosso setor interno, há muitas outras motivações para explorar o turismo nacional. Na contramão da centralidade do turismo no eixo centro-sul, a região Nordeste é a que mais atrai os brasileiros, segundo pesquisa realizada pelo Ministério do Turismo. A região é palco da maior festa popular do mundo, o carnaval de Salvador, desígnio conferido pelo Livro Guinness dos recordes; possui ainda o maior número de Patrimônios Culturais da Humanidade, título outorgado pela UNESCO. Alguns exemplos são a cidade de Olinda (PE), o Parque Nacional da Serra da Capivara (PI), e o Centro Histórico do Pelourinho, em Salvador (BA).
Ainda assim, as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro são os dois destinos mais procurados do país, pólo receptor de turismo de negócios, além de palco da complexa herança cultural e natural do país. O ecossistema da Região Norte do Brasil, pela sua diversidade e acessibilidade de muitos dos seus atrativos naturais, propicia atividades de ecoturismo, que prezam pelo desenvolvimento sustentável e preservação do bioma natural.
Em suma, potencial não falta ao turismo nacional. Além de toda a diversidade cultural e natural do país, contamos com um item primordial para a atração de turistas: a receptividade e simpatia do brasileiro. Aliás, essa tem sido uma das características mais elogiadas pelos estrangeiros que vieram conferir de perto os jogos do mundial. Resta-nos tratar nossas mazelas e explorar todo o potencial desse promissor mercado.

Henrique Mol é especialista em turismo e sócio-fundador da Encontre Sua Viagem, franquia de turismo