Criar uma conta no facebook e ampliar a rede de amigos foram os primeiros frutos que o barbeiro aposentado Altevir de Souza Gama, 71, colheu após frequentar o curso de inclusão digital da pessoa idosa, promovido pela Companhia de Comunicação do Paraná (Celepar). Isso pra mim é um passatempo, conta Altevir que já tem mais de 1.000 amigos na rede social. As primeiras páginas que ele navega logo cedo são os noticiários de todo o Brasil.

Nesta semana, Altevir participa pela terceira vez do curso, que está sendo oferecido nesta semana, no Colégio Estadual Manoel Ribas, em Curitiba. O curso mudou muito minha vida, inclusive melhorando minha saúde. Além de ser de graça, fazemos muitos amigos. Eu tinha medo de ligar o computador, porque achava que era muito difícil, mas com incentivo e dedicação de quem nos ensina, até os remédios antidepressivos são evitados, afirmou ele.

Promover a inclusão social da pessoa idosa através da internet é o foco da iniciativa. Desde o lançamento do programa, no final do ano passado, mais de 600 idosos foram capacitados em Curitiba e em sete cidades do interior do Paraná.

Elas recebem o treinamento sobre noções básicas do uso do computador, internet e redes sociais. É possível encontrar na internet informações sobre as mais diferentes áreas de interesse, diz Antônio Carlos Renault Schimaleski, coordenador do Projeto de Inclusão Social da Pessoa Idosa da Celepar. Imagine uma pessoa que goste de jardinagem ou artesanato, por exemplo. Há muito conteúdo relacionado a esses temas na internet, afirma.

ESTATUTO – A inclusão na área da tecnologia da informação é prevista no estatuto do Idoso. O estatuto prevê em um dos seus artigos que é obrigação do poder público a atualização tecnológica da pessoa idosa, mediante a realização de cursos com conteúdos adaptados, de forma a familiarizá-los com recursos de computação inclusive, explica Schimaleski.

Ele ressalta, ainda, que o Estado está cumprindo seu papel com a atualização do idoso. Não vamos capacitá-los para o mercado de trabalho, mas sim tirá-lo da segregação através de recursos de tecnologia da informação, ampliando sua rede de relacionamentos, explica.

INCLUSÃO SOCIAL – Pedagoga, aposentada desde os 45 anos, Cerina Joana Brzezinski, 71, conta que já pensou em contratar uma pessoa para ensiná-la a mexer no computador, pois aprender sozinha é muito difícil. Isso abre nossos horizontes, pois hoje tudo gira em torno de um computador e da internet. Até mesmo inscrição para festas, diz ela.

A falta de conhecimento sobre o uso da tecnologia passa a ser um peso na vida da pessoa idosa que não acompanhou os avanços do mundo digital. Você pode conhecer as coisas, mas se não sabe mexer no computador acaba ficando marginalizado, comenta dona Cerina. A tecnologia está presente no comércio, com o cadastro de e-mails, a pesquisa de preços e reclamação do direito do consumidor.

SAÚDE – Mais do que promover a inclusão social, a aproximação da pessoa idosa com a tecnologia afasta doenças recorrentes da idade. Apaixonada por música, a aposentada Creusa de Castro Preidum, 75, comenta que o negócio é sair de casa.

Os médicos geriatras nos aconselham a não ficar em casa por causa daquela doença horrorosa que pega os velhinhos desprevenidos, o tal do Alzheimer, brinca Creuza. Ela pretende comprar uma impressora e imprimir letras de músicas para tocar no violão.

Depois de doze anos cuidando do marido doente, Creusa afirma que quer fazer todos os cursos que aparecerem. Só não vou fazer balé porque não dá mais, diz. Como professora aposentada, ela sente falta do convívio com as pessoas.

O CURSO – Com duração de 12 horas, o curso é realizado em quatro dias. O conteúdo começa com o contato do idoso com o equipamento, familiarizando-se com o mouse e o teclado. Após isso, a ênfase é dada ao acesso à internet e redes sociais. Ainda neste mês de julho, a Celepar promove o curso de Inclusão Social da Pessoa Idosa em Laranjeiras do Sul e Pato Branco.