Em junho, as taxas de juros para crédito ao consumidor subiram. Das seis linhas de crédito para pessoa física pesquisadas somente uma ficou estável: o financiamento para automóveis. Para empresas, desconto de duplicatas e conta garantida subiram enquanto capital de giro teve leve redução. Os dados são da Pesquisa de Juros da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) que demonstram que no mês de junho as taxas de juros das operações de crédito voltaram a ser elevadas.

Essa foi a décima terceira elevação seguida, sexta elevação no ano. O diretor executivo de estudos e pesquisas econômicas da entidade, Miguel José Ribeiro de Oliveira, atribuí as elevações tanto ao aumento da inadimplência bem como ao cenário econômico nacional com expectativa de piora nos índices de inflação e de crescimento econômico.

Segundo o especialista, estes fatores aumentam o risco de crédito, ou seja, há expectativa de aumento nos índices de inadimplência. Estes fatos têm levado as instituições financeiras a elevarem suas taxas de juros acima das elevações da Selic como demonstrado no item Taxa de Juros X Selic da pesquisa.

 

Pessoa Física 

Das seis linhas de crédito pesquisadas cinco foram elevadas no mês (juros do comércio, cartão de crédito rotativo, cheque especial, empréstimo pessoal – bancos e empréstimo pessoal – financeiras) e uma se manteve estável (CDC – Bancos financiamento de automóveis).

A taxa de juros média geral para pessoa física apresentou uma elevação de 0,05 ponto porcentual no mês (1,14 ponto porcentual no ano) correspondente a uma elevação de 0,84% no mês (1,13% em doze meses) passando a mesma de 5,98% ao mês (100,76% ao ano) em maio/2014 para 6,03% ao mês (101,90% ao ano) em junho/2014 sendo esta a maior taxa de juros desde julho/2012.

Pessoa Jurídica

Das três linhas de crédito pesquisadas, uma foi reduzida (capital de giro) e duas foram elevadas (desconto de duplicatas e conta garantida).

A taxa de juros média geral para pessoa jurídica apresentou uma elevação de 0,03 ponto porcentual no mês (0,52 ponto porcentual em doze meses) correspondente a uma elevação de 0,88% no mês (1,05% em doze meses) passando a mesma de 3,41% ao mês (49,54% ao ano) em maio/2014 para 3,44% ao mês (50,06% ao ano) em junho/2014 sendo esta a maior taxa de juros desde julho/2012.

Taxa de juros x Selic

Considerando todas as elevações da taxa básica de juros (Selic) promovidas pelo Banco Central desde março/2013, tivemos neste período (março/2013 a junho/2014) uma elevação da Selic de 3,75 pontos porcentuais (elevação de 51,72%) de 7,25% ao ano em janeiro/2013 para 11,00% ao ano em junho/2014.

Neste período a taxa de juros média para pessoa física apresentou uma elevação de 13,93 pontos porcentuais (elevação de 15,83%) de 87,97% ao ano em março/2013 para 101,90% ao ano em junho/2014.

Nas operações de crédito para pessoa jurídica houve uma elevação de 6,48 pontos percentuais (elevação de 14,87%) de 43,58% ao ano em março/2013 para 50,06% ao ano em junho/2014.

 

PERSPECTIVAS PARA OS PRÓXIMOS MESES

Tendo em vista o Banco Central ter mantido inalterada a sua taxa de juros básica (Selic) em sua última reunião, Miguel Ribeiro de Oliveira avalia que a tendência é de a curto prazo a Selic se manter inalterada. Por conta disto é provável que as taxas de juros das operações de crédito se mantenham inalteradas neste período, a não ser que, eventualmente, por conta da piora no cenário econômico, a inadimplência venha a ser elevada, o que levaria as instituições financeiras a subir suas taxas de juros mesmo em um ambiente de manutenção da Taxa Básica de Juros.