SÃO PAULO, SP – A avó materna do menino Bernardo Boldrini, Jussara Uglione, acionou a Justiça para que parentes do médico Leandro Boldrini, pai do garoto, expliquem a razão de terem articulado saques de contas bancárias do médico.
A defesa da avó suspeita que o pai e a madrasta de Bernardo tenham tentado ocultar patrimônio para evitar consequências de bloqueio de bens.
O corpo de Bernardo, 11, foi encontrado em abril deste ano em uma cova num matagal de Frederico Westphalen (RS), município vizinho a Três Passos, onde o garoto morava. Ele havia desaparecido no dia 4 daquele mês.
Três suspeitos do crime estão presos: Boldrini, a madrasta Graciele Ugulini e a amiga dela Edelvânia Wirganovicz.
O pedido de explicações à Justiça foi feito nesta segunda-feira (21) pelo advogado Marlon Taborda, que representa a avó materna. Baseou-se em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça e que captaram diálogos entre irmãos do médico.
Nas conversas, segundo Taborda, os irmãos do suspeito comentam que é preciso sacar o que for possível da conta de Boldrini e tentar transferir o dinheiro para suas próprias contas ou que novas fossem abertas, se necessário. Os bens foram posteriormente bloqueados pela Justiça.
“Ao nosso ver inclusive essas movimentações de saques de milhares de reais demonstram que, sim, o motivo do crime foi financeiro”, afirma Taborda. “Fizeram de tudo para evadir valores para a Justiça não bloquear os bens que se confundem com a herança do Bernardo.”
O Ministério Público aponta que o crime ocorreu por motivação financeira.
Além de saques feitos pelos familiares do médico, parentes da madrasta também agiram, segundo o advogado, para movimentar bens da acusada. Novas informações no processo, obtidas nos últimos dias, trazem relato de cartórios que apontam transferência de imóveis que estavam no nome de Ugulini, além da negociação de carros.
A madrasta e a amiga apresentaram à polícia versões contraditórias sobre como Bernardo morreu e sobre a forma de ocultação do corpo. Segundo vídeo exibido neste domingo (20) pelo “Fantástico”, da TV Globo, a madrasta alega que a morte ocorreu por acidente, enquanto a amiga aponta que o crime foi premeditado.
OUTRO LADO
O advogado de Leandro Boldrini, Jader Marques, contestou a legalidade do bloqueio dos bens de seu cliente e disse que não houve tentativa de se desfazer do patrimônio.
Segundo Marques, os familiares manifestaram preocupação em fazer a gestão dos bens de Boldrini, inclusive para pagamento de despesas médicas e de advocacia enquanto ele permanecesse preso.
Na esfera cível, a defesa do médico questiona na Justiça a legalidade do bloqueio dos bens de Boldrini, que ocorreu no fim de abril, após sua prisão.
A reportagem não conseguiu ouvir a defesa da madrasta de Bernardo na noite desta segunda-feira (21).