FELIPE GUTIERREZ
BUENOS AIRES, ARGENTINA – O vice-presidente da Argentina, Amado Boudou, se apresentou nesta quarta-feira (23) à Justiça para explicar por que ele tem um carro cujos documentos são falsificados.
O político, que é réu em uma outra ação criminal, não se pronunciou verbalmente, mas entregou um documento com suas justificativas.
Segundo ele, apesar de ele ter comprado o Honda CRX Del Sol 1992, os papéis do carro eram de responsabilidade de sua ex-mulher, Agustina Seguín. E apontou um responsável pela falsificação dos documentos, que seria um gestor chamado Andrés Soto.
O vice-presidente afirmou ainda que nunca conheceu Soto, e que foi vítima de uma “rede de gestores”. Em um comunicado, afirmou que “é óbvio que não tinha motivação ocultar o documento, pelo contrário”.
A adulteração do número do motor e das assinaturas foi notada em 2009, pelo órgão responsável pelo registro dos carros na Argentina.
O vice-presidente comprou o carro usado em 1993, na cidade onde vivia, Mar del Plata. Em 1997, o primeiro dono descobriu que Boudou nunca havia transferido os documentos e o denunciou. O vice-presidente então inscreveu o carro como sendo dele em 2003. E, nesse ano, mudou os papéis para Buenos Aires.
Mas o endereço que consta no documento não existe. Além disso, o carro tem um número nos documentos e um outro no motor.
Em um dos formulários de transferência do carro, a assinatura de Boudou é falsa, assim como as certificações policiais.
OUTRO CASO
Esse não é o único problema que Boudou enfrenta na Justiça. Ele também responde a um processo criminal relacionado a uma empresa gráfica, que chamava-se Ciccone -hoje conhecida por CVS.
A empresa estava com problemas financeiros e devia ao Estado. Por isso, havia um processo de quebra para liquidar o negócio.
Ela, então, foi comprada pelo fundo de ações The Old Fund. E, rapidamente, o processo de quebra foi levantado e ela pode se tornar fornecedora do Estado.
A Justiça argentina tem motivos para acreditar que Boudou estava por trás do The Old Fund, e que, na época ministro da Economia, teria beneficiado a Ciccone.