MARCO ANTÔNIO MARTINS
RIO DE JANEIRO, RJ – A Polícia Civil do Rio aponta que houve intercâmbio entre manifestantes do Rio e de São Paulo para articular protestos durante a Copa do Mundo.
A informação consta no inquérito da polícia, ao qual a reportagem teve acesso, que investiga a participação de ativistas em protestos violentos no Rio. Ao todo, 23 ativistas são acusados de associação para a prática de vários crimes durante os protestos.
Para a final do Mundial, no dia 13 de julho, já estava acertada a ida de simpatizantes da tática “black bloc” de São Paulo para o Rio. Os ativistas paulistas ficariam hospedados em uma casa em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.
A ideia não foi colocada em prática porque na véspera da final policiais da DRCI (Delegacia de Repressão a Crimes de Informática) deflagraram a operação que prendeu os ativistas cariocas.
Com autorização da Justiça, a polícia interceptou ligações telefônicas e flagrou Camila Jourdan conversando com outra manifestante -identificada apenas como Priscila- no qual confirmava a ida de paulistas ao Rio.
De acordo com as conversas, um “black bloc” de São Paulo chamado apenas de “Mais Velho” chega a ir ao Rio, durante a Copa, para conversar com os ativistas cariocas. Segundo a polícia, eles acertam os detalhes de como seria a manifestação na final da Copa.
A ideia, segundo a Folha apurou, era repetir o protesto ocorrido no dia da abertura do Mundial, 12 de junho, em São Paulo. Na ocasião, policiais envolvidos na segurança do evento descobriram que “black blocs” de São Paulo e do Rio se uniram na capital paulista.
O resultado foi a depredação de agências de carros e destruição de telefones públicos. Houve ainda o confronto com os policiais militares de São Paulo. Duas jornalistas da rede CNN ficaram feridas na ocasião.
O que chamou a atenção dos investigadores da polícia do Rio foi que as interceptações telefônicas chegam a falar da transferência de dinheiro de ativistas do Rio para os “black blocs” paulistas. A verba seria para custear a passagem dos ativistas e alimentação até a hora do protesto.
Nos grampos telefônicos não há indícios ou declarações sobre o valor transferido. A polícia investiga a quantia enviada para os ativistas de São Paulo para apoiarem o protesto no Rio.