SÃO PAULO, SP – O Departamento de Defesa dos EUA acusou a Rússia de transportar artilharia pesada para perto da fronteira com a Ucrânia, com a intenção de entregar o armamento aos separatistas pró-russos. Também nesta sexta-feira (25), o governo russo acusou as forças ucranianas de disparar morteiros contra agentes do outro lado da divisa. Russos e ucranianos voltaram a se acusar pela escalada do conflito oito dias depois da queda do voo MH17 da Malaysia Airlines, que ia de Amsterdã (Holanda) a Kuala Lumpur (Malásia), no leste da Ucrânia, matando 298 pessoas. A ação é atribuída pelo governo do país a rebeldes usando armamento cedido pela Rússia, o que tanto os insurgentes como os russos negam.

O coronel Steve Warren, porta-voz do Pentágono, afirmou que os EUA detectaram poderosos sistemas de foguetes russos se aproximando da fronteira da Ucrânia. Embora diga não saber qual é o “cronograma” da entrega, Warren afirmou que o armamento poderia ser colocado nas mãos dos separatistas ainda nesta sexta.

O Pentágono afirma que a Rússia continua disparando contra alvos ucranianos do outro lado da fronteira e avalia que existam hoje cerca de 12 mil soldados russos ao longo da divisa. O embaixador dos EUA na Otan (a aliança militar ocidental), Douglas Lute, também reportou o aumento do número de soldados russos na região, mas estimou seu total em 15 mil. Oficiais de segurança russos, por sua vez, acusaram as forças ucranianas de disparar até 40 morteiros que caíram na província russa de Rostov, perto da fronteira. “Os ataques foram propositais, com a intenção de matar autoridades russas”, disse em relatório o Comitê de Investigação da Rússia, diretamente subordinado ao presidente Vladimir Putin. “Apenas a má preparação das forças ucranianas e a saída das autoridades russas, protegidas por veículos blindados, impediram que os atiradores atingissem seu objetivo”, acrescentou o texto.

A Rússia também atacou, por meio de sua chancelaria, a porta-voz do Departamento de Estado americano, Marie Harf, acusando a de repetir, dia após dia, “insinuações infundadas” sobre a participação russa na escalada do conflito. Segundo o ministério, Harf se vale de “clichês anti-Rússia que Washington tenta, teimosamente, impor à opinião pública internacional”.

VALA COMUM

Autoridades ucranianas disseram ter encontrado uma vala comum em Slaviansk, ex-reduto de separatistas no leste da Ucrânia, retomado pelo governo há algumas semanas. As autoridades de Kiev, que investigam o desaparecimento de habitantes da cidade, afirmaram que a vala pode conter uma dúzia de corpos, incluindo os de combatentes separatistas e civis.

Quatro cadáveres foram retirados do local e encaminhados para exames de DNA. De acordo com relatório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, desde meados de junho, dezenas de pessoas desapareceram ou foram torturadas nas cidades sob controle rebelde no leste ucraniano.