Há dois anos, o professor Sylvio Barbon Junior, do Departamento de Computação (CCE), da Universidade Estadual de Londrina, defendeu seu doutorado no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, com pesquisa sobre o uso da tecnologia para detectar possíveis patologias nas cordas vocais. Atualmente, ele desenvolve na UEL pesquisas semelhantes com estudantes de graduação e pós-graduação do curso de Ciência da Computação.

Graduado em Ciência da Computação e em Engenharia da Computação e com doutorado em Física Computacional, Sylvio Barbon é coordenador do projeto de Iniciação Científica Detecção de patologias nas cordas vocais por meio dos padrões acústicos, que tem como objetivo buscar melhorias no processo de diagnóstico de patologias que acometem as pregas vocais. Nossa intenção não é substituir o profissional da área médica, mas expandir o alcance de avaliações que proporcionem maior velocidade e conforto ao paciente, esclarece o pesquisador.

O professor destaca que a pesquisa está na fase de desenvolvimento de um protótipo de aplicativo que possibilita detectar alterações na voz. Por enquanto não podemos falar em diagnóstico, pois isso só o médico pode fazer, além de exigir padrões éticos que precisam ser seguidos. A finalidade da pesquisa é criar um aplicativo que, no futuro, possa ser usado como uma ferramenta de apoio para um pré-diagnóstico sobre a qualidade da voz, explica Sylvio Barbon.

Segundo ele, o objetivo é que este software possa ser utilizado, por exemplo, por um professor em uma escola para detectar uma possível patologia na voz de um aluno e orientá-lo a procura um fonoaudiólogo ou um otorrino. Essa é a grande vantagem deste aplicativo. Ele pode ser aplicado à distância e por professores, assistentes sociais ou qualquer outro profissional em escolas, casas de repouso e até em uma tribo indígena, destaca.

O professor ressalta que o desafio da pesquisa é o desenvolvimento de um aplicativo que seja de fácil utilização. É preciso preencher um questionário com os dados da pessoa e gravar a voz dela usando a vogal A que é mais indicada para detectar a qualidade das cordas vocais dentro de parâmetros acústicos e não acústicos porque o som desta vogal é produzido na laringe. E o aplicativo fornece uma escala de números que indica possíveis alterações na voz, considerando a idade, o sexo, o peso e os hábitos da pessoa que está sendo avaliada com 98% de acertos, esclarece o pesquisador.

Ele observa que o grande desafio ainda são as interferências ambientais porque ruídos como de chuva, carros, ventos, entre outros, dificultam a análise da qualidade da voz gravada em ambientes não acústicos. Só é possível fazer essa triagem em locais mais controlados acusticamente e na maioria dos casos é preciso fazer de duas a três aquisições da voz para termos uma gravação mais limpa. Esses são desafios que ainda precisam ser superados para que possamos fazer uma triagem mais próxima do real, ressalta.