SÃO PAULO, SP – A Polícia Militar realiza, na manhã desta segunda-feira (28), uma reintegração de posse no terreno onde fica a ocupação Portal do Povo, na região do Morumbi, zona oeste de São Paulo. De acordo com a PM, o local foi ocupado por integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), no final do mês passado.
O terreno fica na rua Luis Migliano, próximo ao número 1.800. A via foi fechada pela polícia para a retirada das pessoas que estão acampadas no local. Segundo o MTST, vivem na ocupação cerca de 4.000 famílias.
O terreno pertence à construtora Even, que pediu a reintegração logo após a invasão do espaço.
No último dia 16 deste mês, os sem-teto invadiram a sede da empresa na região do bairro do Jardins contra o pedido de retomada do terreno invadido.
Os manifestantes ficaram dois dias acampados na entrada do prédio e conseguiram um prazo de 15 dias para a retirada das famílias.
A retomada do terreno, no entanto, acontece dois dias antes do vencimento do prazo garantido aos sem-teto pelo comando da Polícia Militar.
Por meio de nota, o movimento disse que foi surpreendido com a ação.
“Negociado para ocorrer quarta-feira (30), fomos surpreendidos com despejo das famílias da Ocupação Portal do Povo. A Polícia Militar do Estado de São Paulo, sem nenhum aviso prévio, resolveu fazer o despejo. Essa é uma prova da eficiência da justiça e da polícia quando se trata de pobre e sem-teto. Para defender os interesses das construtoras ela não tarda, ela antecipa”, informou a nota.
A saída das pessoas acontece de maneira pacífica nesta segunda-feira.
Segundo a construtora Even, o terreno no Morumbi tem 60 mil m2 e o preço médio do metro quadrado construído na região é de R$ 7.000.
No espaço, que foi adquirido há três anos pela empresa, deve ser erguido um conjunto de prédios residenciais. A construtora afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que o projeto executivo já está em tramitação na prefeitura e a Even espera lançar o condomínio no final deste ano.
De acordo com a assessoria de imprensa da construtora, o terreno não tem nenhuma dívida pendente.
A reportagem esteve por dois dias seguidos na ocupação, em horários diversos, e verificou que a maioria das barracas montadas no terreno só serve para demarcar território e tentar vaga futura no cadastro da casa própria.
De acordo com a coordenação do movimento, porém, entre 500 e 1.000 barracas permanecem ocupadas todas as noites em sistema de rodízio – que, segundo o MTST, é realizado de forma espontânea, e não programada. Essa situação não foi constatada pela reportagem nos dois dias em que esteve no local.