SÃO PAULO, SP – Confrontos entre separatistas e forças ucranianas obrigaram especialistas internacionais a abandonar os planos, pelo segundo dia consecutivo, de chegar ao local onde um avião civil foi abatido para investigações, segundo oficiais e rebeldes. Nesta segunda (28), a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) disse no Twitter que seus peritos – que viajam com a equipe australiana e holandesa que comanda as investigações – foram obrigados a retornar à capital da província de Donetsk por “razões de segurança”.

Tropas do governo prosseguiram sua ofensiva contra os rebeldes pró-russos, buscando tomar áreas sob controle separatista próximas do local onde o avião da Malaysia Airlines foi derrubado com 298 pessoas a bordo. As tropas ucranianas entraram nas localidades de Shakhtarsk e Torez e estão travando uma batalha para a libertação total das cidades de Pervomaysk e Snizhne, informou o Exército em um comunicado. Os intensos combates nas imediações do local do acidente já haviam impedido os monitores internacionais de chegarem até lá para investigar a derrubada do avião no domingo (27).

Os lados rivais se acusaram mutuamente de impedir o acesso ao local, já que as estradas tem pontos de controle separatistas e do governo ucraniano. Em Kiev, o ministro das Relações Exteriores da Austrália, Julie Bishop, disse que iria discutir o acesso com as autoridades ucranianas. Bishop também disse que a Austrália, que perdeu 28 cidadãos no acidente, esperava que a Rússia usasse sua influência sobre os rebeldes para ajudar a permitir amplo acesso ao local da queda para que as investigações possam ser feitas.

Onze dias após a queda do Boeing-777 da Malaysia Airlines, que cobria a rota Amsterdã-Kuala Lumpur, ainda existem restos de corpos e do avião espalhados pela zona, na qual os inspetores têm apenas um acesso limitado. Muitos corpos já foram levados à Holanda, onde uma primeira vítima foi identificada no sábado.

CONFRONTO

Pelo menos três civis foram mortos em combate durante a noite no leste da Ucrânia. Em Donetsk, as autoridades locais disseram que houve confrontos em vários bairros da cidade durante a noite e que várias casas foram danificadas. O serviço de emergência da Ucrânia disse que mais de 56 mil pessoas fugiram da violência no leste desde que Kiev começou o que chama de operação “antiterrorista” contra os rebeldes separatistas há três meses. Os rebeldes disseram que cinco civis foram mortos na outra cidade que controlam, Lugansk, a nordeste de Donetsk.