SÃO PAULO, SP – Uma multidão incendiou várias casas pertencentes à seita minoritária Ahmadi no leste do país, matando uma mulher e suas duas netas após rumores sobre postagens de blasfêmia no Facebook, disse a polícia nesta segunda-feira (28).

Os tumultos na cidade de Gujranwala eclodiram na noite de domingo (27) depois de alegações de que um Ahmadi tinha postado uma blasfêmia em uma foto da Kaaba – a estrutura em forma de cubo na Grande Mesquita em Meca, na Arábia Saudita, para onde os muçulmanos praticantes se viram para orar cinco vezes por dia.

O oficial de polícia Zeeshan Siddiqi disse que a foto supostamente continha nudez. No incêndio, morreram uma mulher e duas meninas, de um e sete anos, e outras oito pessoas ficaram intoxicadas. As vítimas morreram de asfixia, Siddiqi disse, acrescentando que outra mulher abortou durante os tumultos e estava no hospital.

Como outras minorias paquistanesas, como cristãos, hindus e sikhs, os Ahmadis têm sido perseguidos por extremistas islâmicos. Eles seguem o profeta auto-proclamado Ghulam Ahmad e se consideram muçulmanos, embora a lei paquistanesa os proíba de se identificarem como muçulmanos.

Em maio, dois Ahmadis, incluindo um cardiologista americano de origem paquistanesa que visitava o país, foram mortos a tiros. Siddiqi disse que o incidente Gujranwala começou quando o filho de um líder religioso local disse que um menino Ahmadi tinha postado a foto da Kaaba no Facebook. Um grupo de moradores foi até a casa do rapaz, originando uma briga. O filho do líder religioso foi atingido por uma bala.

“Um multidão furiosa ateou fogo a cinco ou seis casas da comunidade Ahmadi depois que membros da minoria atiraram contra eles”, disse o policial. A polícia está apurando as acusações de blasfêmia.

Fundada por Ghulam Ahmad, que nasceu em 1838, a seita Ahmadi acredita que o próprio Ahmad era um profeta e que Jesus morreu aos 120 anos, em Srinagar, capital da indiana Kashmir. A blasfêmia é um tema muito delicado no Paquistão, onde a maioria dos 180 milhões de habitantes é de muçulmanos devotos.

A acusação de blasfêmia pode levar à prisão perpétua ou pena de morte.