GUILHERME MAGALHÃES SÃO PAULO, SP – A comunidade muçulmana celebra nesta segunda-feira (28) o Eid al Fitr, data mais importante do calendário muçulmano, quando se comemora o fim do jejum ocorrido durante o mês do Ramadã.

Este ano, porém, a festa acontece em meio ao conflito na faixa de Gaza, que em quase três semanas matou mais de mil palestinos e 46 israelenses. “Não há como essa festa ser completa. Hoje, infelizmente, esse ano o nosso feriado não está completo, porque existem irmãos que estão sofrendo, chorando seus mortos, crianças estão órfãs, pais perderam seus filhos”, afirmou o sheikh Jihad Hammadeh, presidente do Conselho de Ética da União Nacional Islâmica.

Ele falou durante a confraternização em São Paulo, ocorrida na Mesquita Brasil, primeira construída na América Latina, em 1929. Segundo Hammadeh, a comunidade muçulmana brasileira recebeu com muito agrado a postura brasileira na crise.

“O silêncio em horas como essa não é neutralidade, é cumplicidade.” Na semana passada, o Itamaraty divulgou uma nota em que condenava “energicamente” a ofensiva israelense. Para o clérigo formado pela Universidade Islâmica de Medina (Arábia Saudita), a alegação do governo israelense de que o Hamas, grupo radical islâmico que controla Gaza, usa uma política de escudos humanos e que essa é a causa do elevado número de civis palestinos mortos, é “totalmente infundada e retórica”.

“Olho por olho, dente por dente, todos vão acabar cegos e desdentados”, disse Hammadeh, que também é vice-presidente da Assembleia Mundial da Juventude Islâmica na América Latina. “A felicidade de hoje está engasgada”, conta o professor e cantor de música árabe Mano Marroquino.

Para ele, a religião é colocada em um conflito não é sobre a religião e que “não opõe judeus e muçulmanos”. A pedagoga Taheni Smaih, 20, conta que a comunidade brasileira está muito tocada pelo que vem acontecendo em Gaza. “Mas sempre pensamos nos palestinos, não só durante o Ramadã.”