A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados pretende obrigar as escolas brasileiras a realizar campanhas contra o bullying. A proposta, aprovada na última quarta-feira pela Comissão, é que sejam realizadas ações anuais, com duração de uma semana em todos os estabelecimentos do Ensino Fundamental e Médio do País. Se aprovada nos trâmites seguintes — como a Comissão de Constituição e Justiça —, a campanha começaria na primeira quinzena de abril de 2015.

De acordo com a proposta, caracteriza-se como bullying qualquer prática de violência física ou psicológica, intencional e repetitiva, que ocorra sem motivação evidente, praticada por um indivíduo ou grupo de indivíduos, contra uma ou mais pessoas. A prática deve ainda ter como objetivo intimidar, agredir fisicamente, isolar, humilhar, ou ambos, causando dano emocional ou físico à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.

“O termo bullying designa os atos de violência física ou psicológica, intencionais e praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa incapaz de se defender”, esclareceu o professor e psicólogo Breno Rosostolato.

Pela proposta, a campanha será feita por meio do esclarecimento dos aspectos legais, sociais, psicológicos e éticos que envolvem a prática e o desenvolvimento de atividades educacionais e informativas, para conscientização de suas causas e consequências.

Para o professor, o papel da escola também é fundamental, pois é necessário, além de identificar os autores, intervir imediatamente se houver esse tipo de agressão gratuita. “Quanto mais cedo for identificado, mais eficazes serão os métodos de intervenção contra o ciclo conflituoso. A escola deve ainda convocar uma reunião com os pais dos alunos envolvidos”, orienta Breno.

O professor alerta ainda que o combate ao bullying não depende apenas das escolas. Para ele, a atenção dos pais é essencial para identificar se o filho está sofrendo bullying na escola. Para se caracterizar o bullying, as agressões devem ser frequentes, a criança passa por situações que causam dor ou sofrimento todos os dias. “Desculpas para não ir à escola, choro, ansiedade e agitação são os sinais mais evidentes de que a criança está passando por dificuldades”, afirma ele.


ALGUMAS DICAS DE COMO PREVENIR O BULLYING

Para os educadores
– Alertar sobre a existência do bullying. Pode ser durante as aulas ou através de palestras para a comunidade escolar
– Valorizar virtudes, características e atitudes dos alunos e enfatizar o respeito às diferenças
– Estimular ações de prevenção à prática do bullying
– Estruturar um programa antibullying no projeto pedagógico da escola
– Manter contato constante com os pais, através de conselhos de classe, reuniões mensais e questionários, para avaliar o comportamento das crianças na escola e em casa.
– Monitorar o que é feito nos computadores da escola, para evitar o cyberbulling
– Criar uma cultura de paz e enfatizar que a prática do bullying não será tolerada, trabalhando “regras de convivência” e as consequências cabíveis quando essas regras forem quebradas.

Para os pais
– Observar o comportamento dos filhos no dia a dia. Às vezes as crianças dão pistas de que estão sofrendo ou praticando o bullying
– Buscar acompanhar o rendimento escolar e o comportamento da criança. Conversar com a direção e com os professores
– Dialogar e orientar os filhos sobre o uso responsável do celular e da internet e os males que o uso indevido pode causar
– Monitorar a navegação na internet e o perfil nos sites de relacionamento;
– Estar atento ao tempo que a criança gasta na internet e observar os temas que lhe atraem e certificar cuidados para a autoproteção no uso da rede
– Se algum conhecido está sendo vítima do cyberbullying, encorajá-lo denunciar e ajudá-lo a buscar apoio.
– Em caso do cyberbullying, gravar as imagens e/ou mensagens do agressor e bloquear o contato dos agressores em todas as mídias – redes sociais, chats, celular e e-mail. Isso reúne provas para resolver o caso e pode evitar novas agressões

Em caso de o bullying ter sido cometido
– A escola pode oferecer um espaço, com um orientador pedagógico, para ajudar e orientar as crianças/famílias em relação a esse tipo de agressão
– Procurar fazer que o agressor se responsabilize pelos seus atos, sugerindo ações/maneiras de reparar os danos causados
– Ouvir a vítima com atenção e estimular que esta crie recursos de autoproteção
– Trabalhar os espectadores da cena para que não apoiem a ação do agressor (adotando o apelido ou ajudando a agredir), mas, ao contrário, inibir essas ações desaprovando-as.
– Lembrar que muitos jovens já foram obrigados a pagar multas por terem ofendido colegas ou professores na internet.