SÃO PAULO, SP – O crescimento da economia dos Estados Unidos acelerou mais que o esperado no segundo trimestre. Além disso, a contração no período anterior foi menos severa do que o relatado anteriormente, o que pode fortalecer as perspectivas de um desempenho mais forte nos últimos seis meses do ano.
O Produto Interno Bruto (PIB) expandiu a uma taxa anual de 4,0% no segundo trimestre. A atividade acelerou de forma ampla após encolher 2,1% no primeiro trimestre (número revisado –antes, havia sido divulgado queda de 2,9% ), informou o Departamento do Comércio nesta quarta-feira (30).
Nos EUA, são comuns as revisões de PIB trazerem números bem diferentes dos inicialmente anunciados –isso já é esperado. A contração no primeiro trimestre, que foi em grande parte relacionada ao clima, foi a maior em cinco anos.
A alta de agora veio bem acima do esperado por analistas, que previam crescimento entre 2% e 2,5% –ou de até 3%, segundo pesquisa da Reuters.
Entre os motivos atribuídos para a queda do PIB no primeiro trimestre figuram inverno mais longo e severo que o habitual, retração em exportações e importações e queda na construção civil.
Apesar da retração brusca naquele período, o país não voltou a sofrer uma recessão, tecnicamente definida como dois trimestres consecutivos de queda no PIB. No trimestre anterior, ele crescera 2,6%.
Considerando o primeiro semestre, a expensão ficou em 0,9%. Com isso, o crescimento em 2014 como um todo pode ficar em média acima de 2%, leitura acima do esperado pelo FMI.
O Fundo Monetário Internacional estimou na semana passada que a economia dos Estados Unidos vai crescer ainda mais lentamente neste ano do que previa há um mês devido à fraqueza no primeiro trimestre –na análise que fizera, o FMI ainda usava os dados não revistos para o PIB do período.
O FMI, na ocasião, afirmou que a maior economia do mundo deve crescer 1,7% em 2014, contra previsão em junho de 2%.
Para o Fundo, a atividade dos EUA deve acelerar para uma taxa de 3% a 3,5% no resto do ano, e permanecer em 3% no ano que vem e em 2016.
“Ainda assim, o peso sobre o crescimento da contração no primeiro trimestre não será compensado”, disse a equipe do FMI em sua análise anual da economia norte-americana.
EMPREGO
O crescimento do emprego, cuja criação de vagas tem superado a marca de 200 mil em cada um dos últimos cinco meses, e leituras fortes sobre os setores industrial e de serviços do Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM, na sigla em inglês) sustentam as expectativas altistas para o resto do ano.
Os dados não devem influenciar muito a política monetária uma vez que o banco central norte-americano já minimizou a contração da produção no primeiro trimestre, considerando-a como uma anomalia relacionada ao clima.
Em seu relatório anual sobre como políticas individuais podem afetar a economia mundial, divulgado nesta terça-feira (29), o também alertou que o conflito entre a Rússia e a Ucrânia podem reverberar para o resto da região se as sanções contra a Rússia aumentarem, atingindo o fornecimento de gás natural à Europa e bancos europeus.
Na pior das suas hipóteses, o FMI informou que os Estados Unidos e o Reino Unido poderiam apertar a política monetária antes do esperado, levando a taxas mais altas ao redor do mundo, mesmo enquanto importantes mercados emergentes desaceleram outro 0,5 ponto percentual durante os próximos três anos.