FELIPE BÄCHTOLD
PORTO ALEGRE, RS – Ao ser apresentado como treinador do Grêmio, o ex-técnico da seleção brasileira Luiz Felipe Scolari disse nesta quarta-feira (30) que passou dias de sufoco após a derrota histórica para a Alemanha na Copa do Mundo, por 7 a 1, e que vem sendo “execrado” pela imprensa desde o fim do Mundial.
Felipão falou com jornalistas durante 40 minutos e afirmou que o clube, onde ganhou uma série de títulos nos anos 90, é o local “ideal” para o retorno porque lá terá o “carinho da torcida”.
Ele disse que se sensibilizou com o convite do presidente do clube, Fábio Koff, a quem chamou de um “segundo pai” e com que já havia trabalhado 20 anos atrás.
“De 20 dias para cá, [sou] o Felipão que teve uma dificuldade em determinado jogo e a partir dali passou a ser execrado por 90% de pessoas, não o público em geral, não os torcedores, mas pessoas ligadas ao futebol a partir da imprensa. Tive que passar três semanas ouvindo, raciocinando e, em um determinado momento, disse: não é isso [que sou]”.
E continuou: “Neste momento em que eu também preciso de um abraço, de um carinho, em que preciso de pessoas que me ajudem, eu sei que o Grêmio é esse time, que tem essa filosofia, que tem torcedores e os jogadores vão estar comigo”.
Ele contou que recebeu apoio de colegas, como o ex-técnico Rubens Minelli, que contou que dirigiu um time que teve uma derrota por 8 gols e, que mesmo assim, conseguiu seguir a carreira.
O técnico disse que vai guardar o resultado “catastrófico” contra a Alemanha para o resto da vida, mas insistiu que a goleada não reflete a “ideia geral” do trabalho na seleção. “Um jogo não diz o que é a realidade da minha vida. Se algumas pessoas quiserem seguir por esse caminho, eu não vou discutir”.
Em outro momento, perguntou aos repórteres: “Só eu que tenho resultados ruins?”.
IDENTIDADE
Ao falar sobre o novo trabalho, o técnico pregou disciplina e “identidade” dos jogadores com o Grêmio. Disse que é natural que a torcida não aceite que a equipe fique quatro anos sem título e afirmou que a Copa do Brasil é o caminho mais curto para interromper a sequência sem conquistas.
O treinador disse que aceitou começar um trabalho no meio do campeonato porque isso também ocorreu nas suas outras passagens pelo Grêmio, em 1987 e 1993. O prazo do novo contrato não foi revelado, mas ele disse que vai além de 2014.
Felipão não comentou as circunstâncias de sua demissão da seleção brasileira e não fez nenhuma referência a Dunga ou ao novo comando da seleção.