LUCAS VETTORAZZO E JOSÉ MARQUES
RIO DE JANEIRO, RJ – Um protesto contra a chamada “criminalização dos movimentos sociais e as lutas populares” reúne centenas de manifestantes no centro do Rio, na noite desta quarta-feira (30).
É a primeira marcha depois que 23 ativistas foram denunciados por formação de quadrilha armada no Rio.
Entre os presentes estão partidos de esquerda, movimentos estudantis, sindicatos dos professores, petroleiros e servidores do IBGE em greve.
A marcha, que conta com um carro de som, reúne, segundo a PM no local, 200 pessoas. A organização do ato anunciou no carro de som a adesão de ao menos 300 pessoas. É provável, contudo, que o protesto tenha aumentado um pouco de tamanho quando começou a se deslocar pela a avenida Rio Branco, a principal do centro do Rio, por volta das 18h20.
O contingente policial, segundo um oficial da PM que não quis se identificar, é de 350 policiais. Eles estão espalhados nas laterais do protesto e nas ruas do centro.
Entre os movimentos sociais presentes estão o FIP (Frente Independente Popular), que reúne grupos de esquerda e anarquistas, a Fist (Frente Internacionalista dos Sem Teto), que promove ocupações urbanas, e o MEPR (Movimentos Estudantil Popular Revolucionário).
Os três são citados no inquérito que investigou ativistas suspeitos de promoverem atos violentos durante protestos na cidade.
Às 18h40 a reportagem não havia registrado a presença de manifestantes com o rosto coberto.
O protesto faz parte de uma convocação nacional do Comitê Popular Contra o Estado de Exceção. Cento e quarenta coletivos e movimentos sociais do país.
Os manifestantes também direcionam palavras de ordem contra Israel e a ofensiva militar na Palestina.
“Chega, chega de chacina. Polícia na favela e Israel na Palestina”, cantam.
À despeito da agressão que jornalistas sofreram na última quinta-feira durante a cobertura da saída de três ativistas presos, não havia sido registrado nenhum tipo de agressão aos profissionais de imprensa.
Dois integrantes do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro levavam faixas onde se lia “jornalista é trabalhador. Chega de violência!”.
Alguns ativistas vestiam máscaras de papelão do filósofo russo Mikhail Bakunin, teórico do anarquismo. Reportagem da Folha de S.Paulo na última segunda mostrou que o nome do filósofo é citado no inquérito que investigou os ativistas na cidade.
Na dianteira do protesto, ativistas carregam um pula-pula, daqueles usados em parques de diversões infantis, com uma faixa onde se lê “pula a repressão”.
Uma ativista com uma máscara do Bakunin pulou com os seios à mostra, enquanto fotógrafos se acotovelavam pela melhor imagem.
Até as 18h52, não havia registro de tumultos.
SÃO PAULO
Em São Paulo, o protesto “contra a criminalização dos movimentos populares” não teve a mesma força que a do Rio de Janeiro.
Os manifestantes se reuniram na praça da Sé, no centro da capital paulista, por volta das 16h desta quarta-feira. O ato atraiu pouco mais de 100 pessoas, entre ativistas e curiosos.
Organizado pela Frente Independente Popular, o protesto pedia a libertação dos manifestantes presos no país, a readmissão dos demitidos na greve dos metroviários e o arquivamento do inquérito 1/2013 da Polícia Civil de São Paulo, que investiga manifestantes que foram detidos.
Alguns ativistas também faziam campanha pelo voto nulo. Eles chamavam a eleição de “farsa”.
A mãe do estudante Fábio Hideki Harano, preso após um ato anti-Copa em São Paulo no dia 23 de junho, Helena Harano, participou do protesto. Ela segurava um cartaz com a inscrição “Meu filho é inocente! Liberdade para Hideki!”.
Um dos organizadores do ato, o ativista Jeferson Matos afirmou que o ato busca “conscientizar a população” sobre a importância dos movimentos sociais e das manifestações.
Até as 18h30, não havia registro de tumultos ou de manifestantes com o rosto coberto. Os ativistas não deixaram a praça da Sé.