Ele nasceu há 200 anos. Morreu há 140. Mas ainda assim, provoca muita confusão. E recentemente, ressuscitou. Este é Mikhail Aleksandrovitch Bakunin, um sociólogo, filósofo, agitador, revolucionário e teórico anarquista. E ele está na mira da polícia brasileira. É que segundo a professora universitária Camila Jourdan, que esteve presa recentemente acusada de organizar e participar de ações violentas em protestos no Rio de Janeiro, esse homem que aparece sempre com um blazer surrado e uma grande barba grisalha e desgrenhada, aparecendo sempre em fotos preta e branco, está sendo investigado por ser uma ameaça à sociedade.

A história até parece brincadeira, mais uma piada inventada contra a polícia, mas não é. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, Bakunin é um dos personagens de um inquérito com mais de 2.000 páginas produzidas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, que, sob classificação de “quadrilha armada”, responsabiliza 23 pessoas pela organização de ações violentas em protestos. Camila, porém, diz que o processo é uma obra de literatura fantástica de má qualidade. Em tal obra, Bakunin, citado por um manifestante em mensagens interceptadas pela polícia, passou a figurar nos autos como um possível suspeito. Muito bizarro. Uma piada pronta, na verdade.

E como não poderia deixar de ser, Pedro Felipe, conhecido por muitos internautas por conta da página Ruth Sheherazade, a irmã do bem da jornalista do SBT, aproveitou a chance para fazer mais umas pessoas rirem. Por isso, criou a página Bakunin Suspeito, que em três dias já alcançou mais de 16 mil seguidores. Uma página democrática – os conteúdos são enviados pelos próprios seguidores -, surgida de uma situação inusitada, em um contexto político preocupante, como o próprio Pedro explicou em entrevista exclusiva ao Portal Bem Paraná.

Para começar, a situação do Rio de Janeiro é calamitosa. Estão prendendo rivais políticos por pré-crime, afirma. Mas não fui eu quem fiz a página, não sozinho. A página é composta por todo conteúdo enviado e eu apenas centralizo e dou crédito ao criativo. Ou só posto, porque quem dá crédito é banco, e ideia não tem crédito, é de todos. Mas é bom incentivar que outras redes questionadoras surjam, afirma.

Apesar do último livro de Bakunin ter sido escrito há 140 anos, Pedro acredita que as ideias do russo ainda falam muito sobre o mundo atual. Os opressores permanecem e nós continuamos sem liberdade, argumenta.

Ao saber que Bakunin era suspeito de participação nas manifestações, Pedro não se conteve. Viu ali uma oportunidade ímpar para criticar e fazer rir. Eu recebi a notícia de que Bakunin era suspeito com gargalhadas. Foi aí que percebi que era uma piada pronta. Meu amigo veio com a ideia e eu criei o personagem. Em três dias 15 mil pessoas estavam rindo com a gente, afirma o rapaz, que responde filosoficamente quando questionado se o anarquimos é uma utopia que pode virar realidade. O anarquismo é uma realidade para quem não aceita a utopia que vivemos.

Confira a famigerada página e também dê boas risadas