CRISTINA GRILLO, ROBERTO DE OLIVEIRA E SYLVIA COLOMBO, ENVIADOS ESPECIAIS
PARATY, RJ – A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) começou nesta quarta-feira (30), com o crítico Agnaldo Farias analisando o desenho na arte de Millôr Fernandes, homenageado nesta edição do evento.
Para Farias, “a história da arte negligencia cartunistas, fundamentalmente porque somos muito mal humorados em nossa historiografia”.
A Flip deste ano está mais enxuta, apesar de o orçamento captado ser um pouco maior do que o do ano passado (2%). A começar pela nova Tenda dos Autores, que levantava exclamações desapontadas do público que chegava para a festa.
Sem as curvas e a exuberância da tenda dos anos passados, a nova é mais achatada e discreta. Apelidada de “7×1” pelos que a montaram, por ser de origem alemã, a nova tenda tem o mesmo custo da anterior (R$ 185.400) e mesma capacidade (850 pessoas), mas esteticamente é mais feia e acanhada.
“Sempre nos incomodou armar uma estrutura bruta no meio da paisagem tão linda, da luxuriante Mata Atlântica. A nova tenda, mais discreta, permite ver melhor as belezas do lugar”, disse à reportagem o arquiteto Mauro Munhoz, diretor da Associação Casa Azul, que realiza a Flip.
Nos dias anteriores ao evento, os donos de restaurantes e pousadas se diziam desanimados com os resultados obtidos durante a Copa do Mundo. Muitos investiram em cursos de inglês para funcionários, esperando um público que, ao final, não veio.
Segundo a reportagem apurou com pessoas da organização, a Copa drenou recursos de empresas que costumam destinar parte de seus investimentos em patrocínio para a Flip. A alta visibilidade do torneio fez com que o dinheiro disponível migrasse.
No final da tarde desta quarta, o movimento começou a aumentar pelas ruas de Paraty. “Gente tem bastante, poucos consomem”, disse o empresário Sandro Amorim, da loja Arte Paz. A família dele mantém comércio de artesanato e souvenirs na cidade há 25 anos. “Esperamos incremento de 50%, mas só no fim de semana.”
Os comerciantes já tinham sido avisados em reuniões com a Associação Comercial de Paraty que a estrutura desta Flip seria menor se comparada com edições anteriores.
Na Livraria de Paraty, a vendedora Yohana Guimenez, 25, afirmou: “O fim de semana vai esquentar. Ao menos nas vendas”. Pela visão da rua que tinha, apontou: “Tem muita gente circulando. A festa será boa”.
Otimista também estava o gerente do Café Paraty, Felipe Espírito Santo, 31. Na tarde de hoje, já havia comunicado os 16 funcionários sobre a escala de horas extras para o fim de semana.
Um dos primeiros eventos da Flip foi o lançamento do livro “Os Banquetes do Imperador”, com a presença de D. João de Orleans e Bragança, um dos descendentes do imperador D. Pedro 2 e morador de Paraty.