TONI SCIARRETTA
SÃO PAULO, SP – O Banco Central de Portugal exigiu que o BES (Banco Espírito Santo) faça um aumento de capital com urgência sob pena de sofrer intervenção, ter seus executivos afastados e processados e por má administração. As ações do banco derreteram 43% nesta quinta (31) na Bolsa de Lisboa.
Na quarta, o BES divulgou um prejuízo recorde de 3,577 bilhões de euros no primeiro semestre, após fazer provisões e registrar perdas contábeis de 4,253 bilhões de euros devido a negócios com as empresas da família Espírito Santo, hoje em concordata.
Com as provisões e as perdas, o capital próprio mínimo exigido para o banco operar desceu a 5% -menos do que os 7% exigidos pelo Banco Central de Portugal, daí a exigência urgente de capitalização.
Para analistas, o governo português não terá outra alternativa além de socorrer o banco da família Espírito Santo. Até o início da semana, o governo descartava aportar dinheiro público no banco, mas autoridades já admitem a possibilidade de estatizá-lo.
Além das provisões e dívidas relacionadas às empresas da família, o BES foi severamente afetado pelos sucessivos rebaixamento de avaliação de risco pelas agências de rating e depois pelo pedido de proteção contra credores (recuperação judicial) da holding em Luxemburgo.
Com o risco considerado maior, os empréstimos e ativos dos bancos são avaliados com preço menor, exigindo provisões e capital próprio maior para manter suas atividades. A proteção judicial das empresas do grupo, que têm o próprio BES como credor (portanto sem acesso a pagamentos), também implica em provisões maiores de crédito.