SÃO PAULO, SP – O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro suspendeu o julgamento do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, previsto para acontecer no dia 26 de agosto no Tribunal do Júri de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

O Ministério Público Estadual do Rio fez um pedido ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) para que ele seja julgado na cidade do Rio de Janeiro, por questão de segurança. As informações são da Agência Brasil. A Justiça estadual então optou por suspender o julgamento até que o STJ opine sobre o pedido do MP-RJ.

O Ministério Público suspeita que haja um plano para resgatar Fernandinho Beira-Mar durante o julgamento em Caxias, cidade de origem do réu, apontado pela polícia como um dos líderes da principal facção criminosa do Rio de Janeiro. Além disso, a Promotoria acredita que o poder intimidatório do réu influencie os jurados. Beira-Mar já está preso há 12 anos e foi condenado há 200 anos por vários crimes.

Desta vez, será julgado pelo assassinato e tortura do estudante Michel Anderson Nascimento dos Santos, ocorridos em 1999, na favela Beira-Mar, em Duque de Caxias. Santos teria se envolvido com uma das namoradas do traficante e submetido à sessão de tortura em que teve pés, mãos e orelhas decepadas, tendo sido obrigado a engolir uma delas.

Em janeiro passado, uma plenária que escolheria os jurados para participar dos júris na 4ª Vara Criminal de Duque de Caxias foi prejudicada por falta de quórum; há a suspeita, não confirmada pela comarca da Baixada, de que muitos candidatos se ausentaram preocupados com a possibilidade de serem obrigados a julgar Beira-Mar.

RESGATE

No dia 30 de outubro do ano passado, uma tentativa de resgate em um fórum de Bangu, na zona oeste do Rio, resultou na morte de um menino de oito anos e um policial militar que trabalhava na comarca. Criminosos da facção ADA (Amigo dos Amigos) tentaram resgatar o traficante Alexandre Bandeira de Melo, 40, o Piolho. Ele era chefe do tráfico de drogas no Morro do 18, na zona norte do Rio.

O menino Caio da Silva Costa voltava da escolinha de futebol quando foi baleado próximo ao fórum e morreu no local. Ele estava em companhia da avó. Naquele dia seriam ouvidos 23 detentos. A segurança no local estava reforçada, mas isto não intimidou os criminosos.