FELIPE GUTIERREZ
BUENOS AIRES, ARGENTINA – O governo da Argentina não espera que a reunião desta sexta-feira (1º) em Nova York trará um desenlace positivo à crise da dívida.
“Não temos expectativas favoráveis, porque há uma visão parcial. O que é certo é que o juiz tem que resolver as questões pendentes”, disse o chefe do Gabinete, Jorge Capitanich.
Não foi divulgado qual será o tema discutido, mas a expectativa é que se decidida o destino dos US$ 539 milhões depositados pela Argentina no banco BNY Mellon para pagar os juros da dívida que expiraram na quarta.
O depósito é usado pelo governo argentino para afirmar que não deu calote. Mas, nesta quinta (31), o BNY Mellon enviou carta aos credores esclarecendo que não vai transferir o dinheiro até o juiz mudar a ordem para bloqueá-lo.
A Argentina não conseguiu chegar a um acordo com os fundos litigantes até quarta (30), prazo final imposto pelo juiz americano Thomas Griesa, que arbitra o caso, e não pode, por isso, pagar aos demais credores, que têm 92% da dívida.
A Justiça americana determinou que a dívida já renegociada só poderá ser paga quando se acertar o US$ 1,3 bilhão cobrado pelos fundos, e que a Argentina não reconhece (são dois fundos, o NML e o Aurelius).
Como não houve acordo, os credores do país tomaram um calote.
O juiz Griesa convocou os advogados dos fundos litigantes e da Argentina para um encontro nesta sexta, mas ele não explicou qual será o tema abordado no seu escritório.
O dinheiro não foi embargado pela Justiça, mas ao mesmo tempo, os bancos foram proibidos de repassar a quantia de US$ 529 milhões aos donos dos títulos.
Em uma coletiva de imprensa na quinta (31), o ministro da Economia, Axel Kicillof, afirmou que o dinheiro estava em um “limbo”.
O destino desse montante pode ser o assunto tratado pelo juiz no encontro.
BANCOS
Em mais uma tentativa de reverter o calote técnico do país, o segundo em 13 anos, grandes bancos de investimento internacionais negociavam, nesta quinta, a compra dos títulos da dívida externa da Argentina que estão nas mãos dos fundos “abutres” que levaram o país à Justiça dos EUA.
Se os títulos forem adquiridos pelos bancos, eles podem pedir ao juiz que aumente o prazo para negociar com a Argentina, o que permitiria ao país pagar aos demais credores e evitar o calote técnico.
Analistas, no entanto, duvidavam que a oferta venha a ser bem-sucedida, assim como não foi a dos bancos argentinos feita em encontro com os litigantes na véspera do calote em Nova York.