MARCO RODRIGO ALMEIDA, ENVIADO ESPECIAL
PARATY, RJ – Ponto pop da Flip, a Casa do Autor Roteirista traz debates com atores (como Marcos Caruso) e roteiristas (como Sílvio de Abreu) da Globo e de cinema.
Na tarde desta sexta (1º), o convidado foi o produtor e escritor Nelson Motta. Quase uma hora antes do debate já havia fila para vê-lo.
Seguindo a temática da casa, Motta comentou principalmente suas colaborações na TV e no teatro.
Começou relembrando o seriado “Armação Ilimitada” (1985-1988), do qual foi um dos criadores. As aventuras dos amigos Juba (Kadu Moliterno) e Lula (André de Biase), de ritmo frenético e humor anárquico, foram um marco na história da TV.
“O Daniel Filho convidou o Euclydes Marinho e eu para escrevermos um programa sobre surfistas. A ideia inicial era apenas essa. A partir disso fomos criando toda a história. À medida em que fomos desenvolvendo, a história foi ficando muito louca. Tinha uma garota (Andréa Beltrão) que vivia maritalmente com os dois caras.”
Motta contou que as diversas profissões que já exerceu (produtor musical, compositor, jornalista, apresentador de TV) são úteis na hora de criar histórias.
“A poesia musical ajudou a dar ritmo, dar sabor aos diálogos. E o jornalismo também é uma ferramenta importante. A ficção, quanto mais jornalística for, mais real vai parecer.”
Outro trabalho do qual se orgulha, também com Marinho, é a série “O Brado Retumbante”, sobre os bastidores do poder e a vida privada de um presidente fictício do Brasil.
“Foi uma experiência muito legal, mas não rendeu tudo que poderia. Foi muito difícil fazer, não temos tradição nesse tipo de coisa. Aqui não é comum um ator interpretar o presidente da República. Sempre acham que você está retratando alguém. Não é fácil”, explicou.
Mais feliz, considera, foi a adaptação de seu romance “O Canto da Sereia” para a TV, realizada por George Moura.
“Já declarei publicamente que a minissérie é melhor que meu romance. A Ísis Valverde [que interpretou a protagonista] me surpreendeu. Fez aula de canto, de dança. O programa foi um arraso.”
MUSICAIS
Motta também falou de dois musicais que escreveu, “Tim Maia – Vale Tudo” e “Elis, a Musical”.
“A peça sobre o Tim foi mais sossegada. O que é importante em um musical? A música, é claro. Eu já tinha 25 músicas sensacionais do Tim e vários casos engraçados e insólitos da vida dele. Não tinha como dar errado.”
No caso de Elis Regina, disse que foi preciso investir mais no visual, no cenário. “Ela era mais séria, uma diva, né.”
No espetáculo, Motta preferiu não mostrar a morte de Elis, ocorrida em decorrência de uma overdose de cocaína e uísque.
“A gente fez um espetáculo, não um ‘Globo Repórter’. A linguagem do musical é tão absurda que nem considero uma biografia. E ao contrário do Tim, a Elis nunca foi uma drogada. Foi sempre muito careta. Foi uma surpresa geral quando ela começou a usar cocaína.”