O fraco desempenho defensivo do Atlético-PR no Campeonato Brasileiro não é culpa exclusiva dos zagueiros. Os times de alto rendimento defendem com os 10 jogadores de linha. Essa é uma regra sem exceção no futebol mundial. E um sistema defensivo só será eficiente se tiver organização tática e participação de atacantes, meias, volantes e laterais. Além disso, uma equipe que não sabe valorizar a posse de bola, estará mais exposto aos ataques do adversário. 

As estatísticas mostram que o Atlético tem vários desses defeitos no Brasileirão 2014. O time tem a menor posse de bola da competição (44% em média), é quem mais erra passes (28% em média) e quem mais tenta lançamentos (63 por jogo).
Os números retratam as escolhas dos treinadores que passaram pelo clube na temporada. Nenhum apostou em meias-armadores, jogadores que tentam controlar o rimo do meio-campo através dos passes. A opção sempre foi pela ligação direta (lançamentos da defesa para o ataque) para explorar a velocidade dos atacantes. A estratégia funcionou em diversos momentos, mas fracassou contra defesas bem montadas e contra equipes com qualidade no meio-campo.
Sem meias-armadores, o Atlético poderia usar volantes ou laterais com maior qualidade no passe para tentar controlar o ritmo do jogo. No entanto, o único jogador do Atlético com essa característica, o volante João Paulo, tem ficado na reserva a maior parte do tempo. No elenco, ele é o segundo em precisão de passes na competição, com 83% de acerto. O primeiro é o meia Nathan, com 90%, que também é reserva.
O Atlético perde rapidamente a bola. E paga o preço em seguida. É o time que mais permite finalizações do adversário: 14,5 por jogo. O melhor nesse quesito é o Corinthians, que só deixa o rival finalizar 8,8 vezes por partida.
O exemplo de que a marcação deve começar lá na frente é o Cruzeiro. Entre os seis maiores desarmadores da equipe estão os meias Everton Ribeiro e Ricardo Goulart, com média de 2,5 e 2,3 roubadas de bola por jogo. No Atlético, só dois jogadores superam 2,3 desarmes por jogo: o lateral-direito Sueliton, com 3,8, e o volante Deivid, com 3,7. Os meias e os atacantes do Furacão estão com média abaixo de 1,1 nesse quesito. No total, o Atlético é o 14º em desarmes no Brasileirão, com 19,5 por jogo.
Não é por acaso que o Atlético é o 3º com mais gols sofridos (19) e o 3º com mais gols marcados (20).