A Executiva Estadual do PMDB fechou e lacrou ontem a sede do diretório do partido na rua Vicente Machado, em Curitiba, até segunda-feira. A justificativa foi o luto oficial de três dias em razão da morte do ex-governador de Pernambuco e candidato à presidência da República, Eduardo Campos (PSB) em acidente aéreo. A decisão foi anunciada às vésperas de reunião convocada pelo candidato do PMDB ao governo, senador Roberto Requião, para dissolver a atual Executiva, e destituir o presidente estadual da legenda, deputado federal Osmar Serraglio, e o ex-governador Orlando Pessuti.

Requião e seu grupo acusa os dois de infidelidade partidária por não apoiarem a candidatura do partido ao Palácio Iguaçu. E também pela aprovação de resolução que liberou candidatos a deputado federal e estadual do PMDB a participarem de atos de campanha ao lado de candidatos ao governo de outros partidos. No início da semana, Requião anunciou que pretendia ocupar a sede do diretório hoje para promover a reunião.
Serraglio já disse que o pedido de intervenção e dissolução da Executiva não tem amparo legal, e que uma decisão dessas só poderia ser tomada pela Direção Nacional do PMDB. O grupo de Requião contesta, apontando que tem as assinaturas de 40 dos 71 membros do Diretório para a convocação da reunião.
Membro do Diretório Estadual, Sérgio Ricci classificou de aberração a decisão de fechar a sede do partido. Segundo ele, o luto pela morte de Eduardo Campos não justifica o ato. A morte de Campos nos comove a todos, mas ele era do PSB. Não justifica fechar a sede do PMDB, afirmou. Segundo ele, o estatuto do PMDB prevê que para a convocação do diretório bastam as assinaturas de um terço dos integrantes do mesmo, ou 21 membros.
Serraglio e Pessuti integram a ala do PMDB que defendia o apoio do partido à reeleição do governador Beto Richa (PSDB), mas foi derrotada na convenção estadual de 20 de junho. Os dois se recusam a fazer campanha para Requião. Sobre o ex-governador pesa ainda a acusação de que ele teria participado de atos públicos promovidos por dissidentes do PMDB na Boca Maldita, em Curitiba, em que foram distribuídos panfletos com acusações contra o candidato do partido. Pessuti nega, e diz que estava de passagem pelo local quando a manifestação começou.
Televisão – Ricci informou ontem que independente da decisão da Executiva de fechar a sede do partido, a reunião do diretório está mantida. Como o prédio foi lacrado, a reunião será realizada na frente do local. Não podemos mudar agora porque se não poderia ser questionado judicialmente, afirmou.
Na terça-feira, Serraglio atribuiu o confronto à tentativa do senador de assumir o controle da propaganda eleitoral gratuita de rádio e televisão dos candidatos do PMDB à Assembleia Legislativa e à Câmara Federal. Ricci nega, e afirma que os candidatos a deputado do PMDB não podem gravar seus programas separadamente. O deputado tem que gravar junto com o candidato ao governo, defende. O horário eleitoral está programado para começar na próxima terça-feira e os partidos têm até segunda-feira para entregar as gravações às emissoras para veiculação.
Além disso, requianistas teriam expressado ainda o temor de que a atual Executiva não repasse à campanha do candidato ao governo, recursos que o partido deve receber da direção nacional do PMDB, o que Serraglio nega. Segundo ele, até agora a direção nacional não repassou nenhum recurso ao PMDB paranaense para a campanha.