São Paulo, 04 (AE) – Atuando no mercado fonográfico há cerca de 15 anos, Alexandre Schiavo, de 38 anos, gerente-geral da SonyBMG, gravadora que disputa com a Universal o primeiro lugar no mercado brasileiro, conversou com a reportagem sobre pirataria e o futuro de indústria fonográfica e do CD.

AGÊNCIA ESTADO – A pirataria não se deve aos altos preços dos CDs?

ALEXANDRE SCHIAVO – É uma injustiça. Essa ilegalidade tem forçado o mercado todo a achatar os custos de gravação, produção Fica difícil para uma gravadora atualmente fazer o que ela fazia antes com os mesmos valores. Por isso que você tem um preço de CD que vai de R$ 20 a R$ 30. Nos últimos dois anos, a gente tem reduzido os preços de 16% a 40%, mas isso reduzindo margem de lucro, diminuindo custo, mudando contratos com os artistas. Já chegou o momento em que é impossível competir o preço de um lançamento cheio ao de um pirata. É por isso que a gente fica batendo na tecla da ajuda do governo em relação à isenção do imposto. Se tem para livro, porque não tem para disco que é muito mais popular? Não é diminuir imposto para aumentar a margem de lucro, é tirar o imposto para baixar mais o preço do consumidor. A gente quer dar a opção do público de ter um produto legítimo.

AE – Com o advento da música pela Internet, não assistiremos à morte do CD? Isso não ameaça as gravadoras?

SCHIAVO – Chame de gravadora, chame do que você quiser, você sempre vai ter uma agência para representar um grupo de artistas Imagina se cada artista tivesse um escritório que o representasse? Não tem como o sistema absorver isso. Pode ser que o CD acabe. Os formatos vão mudar, vamos ter uma capilaridade maior. Mas os jovens não estão mais baixando tanta música ilegal pela Internet nos EUA, por exemplo. Estão comprando música digital em lojas oficiais. A pirataria não é o cara que está morrendo de fome e copia uns dez CDs para vender na rua da cidade. A pirataria é um crime organizado, junto ao tráfico de armas e de drogas.