Em uma situação provavelmente inédita desde a redemocratização do País, nos anos 80, um político que está fora do páreo acabou sendo a principal estrela do primeiro dia da propaganda eleitoral na televisão. Morto em um acidente de avião menos de uma semana antes da estreia do palanque eletrônico, Eduardo Campos foi assunto de todos os principais candidatos à presidência, nos programas de ontem. A começar pelo seu próprio partido, o PSB, que exibiu imagens de arquivo com o ex-governador e finalizou sua propaganda destacando a última frase dita por ele na entrevista ao Jornal Nacional, na véspera do acidente: Não vamos desistir do Brasil. Sua provável substituta na disputa, Marina Silva, ainda não oficializada, apareceu apenas ao lado de Campos, mas não falou. A mesma frase também foi destacada na fala do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao final da propaganda de Dilma Rousseff (PT). Aécio Neves (PSDB) igualmente reservou um espaço para destacar sua amizade e afinidade com o falecido. O PV de Eduardo Jorge também fez sua homenagem, em texto assinado pelo candidato do partido.

Emocional
Pesquisas mostram que o eleitor decide o voto muito mais por razões de ordem emocional do que pelo racional. O que explica a preocupação dos candidatos e partidos em priorizar o trágico acontecimento envolvendo Eduardo Campos. Que não por acaso, parece ter obtido muito mais destaque e atenção após sua morte do que em vida.

Humanização
Essa mesma estratégia de apelo emocional foi usada no primeiro programa de Dilma Rousseff, onde houve um evidente esforço em tentar humanizar a presidente e candidata a reeleição. Mais conhecida por seu temperamento forte e intransigente, Dilma foi descrita como mulher que acorda cedo, trabalha muito, lê e escreve muito, gosta de cozinhar e sente saudade da filha e do neto.

Mea culpa
Mesmo que timidamente, o programa de Dilma admitiu que nem tudo vai bem em seu governo, mas atribuiu as dificuldades à crise internacional, que reduziu um pouco o ritmo de crescimento, e lembrou que ao contrário de outros países, o Brasil manteve o nível de emprego e renda em alta no período.

Nova chance
Lula foi outro que também admitiu o descontentamento de setores da população com Dilma. Chegou a lembrar que teve gente que votou em mim sem estar plenamente satisfeito mas não se arrependeu, para afirmar que assim como ele, a presidente tem tudo para fazer um mandato melhor do que o primeiro.

Dois pesos
Aécio Neves não perdeu tempo e deixou claro que o País está pior hoje do que há quatro anos. Curiosamente, poupou o período anterior, do governo Lula, admitindo que a administração petista também ajudou o País a avançar, assim como o antecessor, FHC.

Indireta
Ainda que discretamente, o tucano também alvejou a candidatura de Marina Silva, que ameaça sua vaga no segundo turno. Ao pregar a necessidade de mudança, destacou que não é mudar para mudar, mas mudar para melhorar.

Nas ruas
Os partidos de oposição à esquerda do PT surfaram na onda das manifestações de junho de 2013. PSTU, PSOL, PCO usaram imagens dos protestos na esperança de capitalizar os eleitores indignados com a política tradicional.

Dissonante
Na propaganda dos candidatos a deputado federal do Estado, o PSOL surpreendeu ao usar o horário eleitoral para criticar o próprio horário eleitoral. Com os dizeres Falsa Publicidade, Não nos Representa e Tomar Partido, Nós Podemos o programa deixou de lado os tradicionais jingles repetitivos e apostou em sons dissonantes e arrítimicos. E finalizou convidando o eleitor a acessar um site de campanha do partido.

Decepção
A grande frustração do dia foi: cadê o jingle do Ey-Ey-Eymael, o candidato democrata cristão?

Linha cruzada
E a maldição da propaganda da Nextel – que foi usada por onze em cada dez candidatos na eleição municipal de 2012 – voltou. Desta vez, quem apareceu andando e falando ao mesmo tempo foi o candidato a presidente do PSTU, Zé Maria.

Era Dunga
Os deputados federais Nelson Meurer (PP) e Sandro Alex (PPS) – que disputam a reeleição, e o deputado estadual Osmar Bertoldi (DEM), candidato a uma cadeira na Câmara Federal, têm algo em comum. Os três defendem um trabalho de resultados, afinados com o estilo do novo treinador da Seleção Brasileira, conhecido por sua aversão ao futebol arte.