RIO DE JANEIRO, RJ – O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) foi o principal alvo no primeiro debate entre candidatos ao governo do Rio, realizado nesta terça-feira (19) pela TV Bandeirantes.
Pezão foi criticado pela atuação na tragédia da região serrana, na segurança pública, educação, transporte e geração de emprego.
O deputado Anthony Garotinho (PR) concentrou os ataques ao peemedebista. Mas também protagonizou embates com o senador Lindbergh Farias (PT), com ataques mútuos sobre educação. O senador Marcelo Crivella (PRB) saiu ileso, com críticas pontuais, enquanto Tarcísio Motta (PSOL) foi o principal franco-atirador.
O principal confronto ocorreu entre Pezão e Garotinho, sorteado para fazer a primeira pergunta. Ao escolher Pezão para responder, Garotinho lembrou questionamentos do TCU (Tribunal de Contas da União), CGU (Controladoria-Geral da União) e do MPF (Ministério Público Federal) sobre aplicação dos recursos repassados pelo governo federal. Os órgãos apontam que a verba não foi aplicada como programado.
“Tenho orgulho imenso da minha atuação na região serrana. Fui o primeiro a chegar depois do Corpo de Bombeiros. Fiquei 36 dias na serra. Fizemos o maior socorro de todos os tempos da maior catástrofe natural”, disse Pezão, em tom exaltado.
Garotinho afirmou que disponibilizaria os processos em seu site. Ele acusou o peemedebista de “brincar com os sentimentos das mais de 900 pessoas que perderam suas casas, tudo”. Pezão reagiu.
“Lamentável você falar de responder processo. Acho que você é o campeão. Processo do TCU, CGU é uma prática comum, é da democracia”, disse o governador. Garotinho foi condenado por formação de quadrilha, mas recorre no STF (Supremo Tribunal Federal).
Mesmo quando tomou a iniciativa de pergunta, Pezão foi atacado. Ao questionar Crivella sobre ensino profissionalizante, foi criticado pelo que o adversário considera baixa criação de postos de trabalho. “Não estou tão otimista quanto o Pezão. Perdemos o segundo lugar de ICMS no Brasil.”
Lindbergh criticou o governador por não ampliar o metrô para a Baixada Fluminense e prometeu aumentar a frequência de trens. Apostou na estratégia de contraposição entre “bons serviços na zona sul”, área nobre, e pouco investimento nas regiões mais pobres.
Ao longo de todo o debate -à exceção da primeira pergunta-, Pezão desviou dos ataques citando números e programas de seu governo.
Líder nas pesquisas, Garotinho também teve de se defender. Lindbergh criticou o resultado da educação na cidade de Campos, administrada por Rosinha Matheus (PR), mulher de Garotinho. “A cidade de Campos, que recebe mais de R$ 1 bilhão de royalties por ano, está em último no Estado no Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica]. Isso não pode acontecer”.
O ex-governador conta-atacou. “Rodei Nova Iguaçu [cidade administrada por cinco anos pelo petista] inteira atrás de uma escola construída pelo Lindbergh e não encontrei.”
Garotinho, ex-governador, também foi alvo de críticas. Tarcísio Motta (PSOL) atacou o programa de educação Nova Escola, que dava gratificação a professores por desempenho na gestão Garotinho -similar ao do atual governo. “No final, vocês são todos iguais”, disse o socialista.
O petista também teve que explicar, após questionamento de Tarcísio, a permanência do PT por 7 anos e três meses na gestão Sérgio Cabral (PMDB), de quem Pezão foi vice-governador antes de assumir. “Há muito queria que o PT saísse desse governo.”
O socialista, então, provocou. “Espero que o senhor esteja anunciando agora também o rompimento com a prefeitura, do Eduardo Paes [PMDB]. Se rompeu, tem que romper com todo mundo.” O PT indicou o vice-prefeito do Rio, Adilson Pires.
Lindbergh citou por quatro vezes o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas não mencionou a presidente Dilma Rousseff. Fugiu inclusive de questão feita pelo epidemiologista Edmilson Migowski sobre o programa “Mais Médicos”, principal bandeira do governo federal na saúde.
Já Pezão citou a presidente uma vez, ao lembrar verba garantida pelo governo federal para ampliar o abastecimento de água na Baixada Fluminense. Não falou o nome do ex-governador Sérgio Cabral.
Garotinho e Lindbergh apostaram em colar em Pezão a imagem de que governou para os ricos. Crivella fez ataques menos duros, e buscou mostrar-se capaz de trabalhar de forma coletiva. Pezão defendeu a manutenção dos investimos.
Já Tarcísio disse que os quatro, que participaram do governo Cabral ou apoiaram a sua eleição -no caso do candidato do PR-, são a mesma coisa. “São quatro ‘Cabrais'”.