SÃO PAULO, SP – A polícia da Libéria entrou em confronto nesta quarta-feira (20) com moradores de um bairro da capital Monróvia, que foi colocado em quarentena na noite de terça (19) por causa de um surto de ebola. O país africano já registrou 864 casos e 466 mortes provocadas pela doença, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde). As autoridades locais colocaram algumas regiões em cerco, em especial na fronteira com Guiné e Serra Leoa. Dentre elas, está o bairro de West Point, alvo dos protestos desta quarta. As forças de segurança cercaram a região com tapumes, cadeiras e arame farpado e impediram a entrada e saída das pessoas. A presidente liberiana, Ellen-Johnson Sirleaf, havia decretado na terça (19) um toque de recolher das 21h às 6h e bloqueado a área, mas os moradores afirmam que não foram avisados sobre o bloqueio. Tentando sair, os residentes forçaram o bloqueio e foram reprimidos pelas forças de segurança, que usaram bombas de gás lacrimogêneo e dispararam tiros para o alto para tentar dispersar a multidão. O bairro é um dos focos de tensão na cidade provocados pela epidemia de ebola. No fim de semana, moradores da região invadiram um centro de tratamento contra a doença e provocaram a fuga de 17 pacientes contaminados em quarentena. Os habitantes de West Point acusam o governo de mandar pacientes com a doença para um centro de tratamento na região. O bairro, que tem 50 mil habitantes, é um dos mais pobres de Monróvia e não tem saneamento básico. SURTO Até o último sábado (16), foram registrados 2.240 casos suspeitos de contaminação pelo ebola e 1.229 mortes provocadas pela doença na Libéria, em Guiné, em Serra Leoa e na Nigéria. Nesta quarta, as autoridades nigerianas confirmaram a quinta morte provocada pela doença. Trata-se de mais um paciente contaminado quando entrou em contato com um liberiano que chegou ao país no final de julho. Mais cedo, as autoridades da República Democrática do Congo afirmaram que verificam uma série de casos suspeitos que surgiram no norte do país, que não divide fronteira com a região mais prejudicada. O alastramento da doença fez com que parte da tripulação da companhia aérea Air France se recusasse a viajar para os quatro países mais afetados. Na segunda (18), o sindicato minoritário da categoria havia solicitado a suspensão dos voos.