SÃO PAULO, SP – O primeiro programa eleitoral dos principais candidatos ao governo do Maranhão, nesta quarta-feira (20), foi marcado pelo tom emocional.
Flávio Dino (PC do B) exibiu depoimentos de familiares e amigos para apresentar sua trajetória, e Lobão Filho (PMDB) tratou sua candidatura como uma “missão” ao lembrar que estava internado em um hospital quando aceitou concorrer.
O peemedebista iria disputar a reeleição para o Senado quando o candidato indicado pela governadora Roseana Sarney (PMDB) desistiu. Lobão Filho estava se recuperando de uma cirurgia de hérnia de hiato, em São Paulo, quando ela lhe telefonou e pediu que assumisse a vaga.
No programa eleitoral, vestindo camisa branca diante de um fundo branco, ele contou ter ouvido do médico que iria morrer durante a operação e que o convite da governadora, logo em seguida, mostrou “que algo maior havia determinado uma condução na minha vida”.
Trechos de dois discursos reforçaram a narrativa de que sua candidatura seria um desígnio divino. “Eu disse a Deus, deitado na cama: ‘Eu vou governar o Estado do Maranhão e serei um instrumento Seu para mudar a vida das pessoas'”, afirmou.
Lobão Filho também procurou mostrar proximidade com o PT. O partido integra sua coligação, apesar de uma ala do partido não concordar com a aliança e fazer campanha para Dino, do PC do B.
Imagens do programa do PMDB destacaram as bandeiras petistas nos eventos de rua de Lobão Filho, e o nome do ex-presidente Lula foi citado para promover sua principal promessa eleitoral. O “Programa de Aceleração do Maranhão” foi apresentado sob o slogan “PAC do Lula, PAM do Lobão”.
A presidente Dilma Rousseff não foi mencionada na propaganda de Lobão.
HOMENAGEM
Candidato de oposição à família Sarney, Flávio Dino iniciou seu programa com uma homenagem ao candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, morto na última semana, enquanto imagens do pessebista apareciam na tela. “O Brasil perde um grande líder. Nós perdemos uma grande inspiração”, disse.
Além de Campos, foi exibida uma foto de Dilma ao lado de Dino, em trecho que destacou sua passagem como presidente da Embratur, cargo que ocupou no governo federal até março passado.
A vida do candidato foi contada por seus pais, irmão, mulher e amigos, e por depoimentos de políticos. A deputada federal Manuela D’Ávila (PC do B-RS) disse que o ex-colega de Câmara foi um dos autores do projeto da Lei da Ficha Limpa.
Assim como o rival peemedebista, o programa do PC do B também fez referências à religião. A mãe, Rita Maria, falou sobre o dia em que Dino, ainda criança, foi chamado pelo padre para fazer uma pregação durante a missa, no que teria sido sua estreia na vida pública.
O candidato não fez ataques diretos à família Sarney, mas prometeu “ajudar o Maranhão a se libertar, ajudando o Brasil a se livrar definitivamente de uma página da vida política cujo tempo passou.”
“Eu não discuto muito se fez sentido ontem, anteontem. O certo é que não faz mais um sentido hoje nem amanhã. Por isso que a gente precisa mudar”, concluiu.
O candidato a vice da chapa, Carlos Brandão (PSDB), destacou que Dino formou “a maior coligação, na história do Maranhão, das oposições”. O palanque comunista tem apoiadores dos presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e do PSB, além da ala dissidente do PT.
A diversidade de apoios, que não foi explicitada no programa eleitoral, apareceu, no entanto, em uma das inserções de 30 segundos que o candidato estreou na TV. Nela, aparecem em sequência fotos dele com Dilma, Aécio, Campos e Marina Silva. Pelé e o papa Francisco também foram mostrados ao lado do candidato.