PAULA SPERB
SÃO PAULO, SP – O homem suspeito de manter em cárcere privado uma adolescente de 17 anos e o filho deles, um bebê de cinco meses, por cerca de um ano, nega que os tenha prendido.
O caso veio à tona depois que a garota pediu socorro ao comprar um remédio em uma farmácia em Campo Grande (MS), na noite de segunda-feira (18). A adolescente escreveu um pedido de ajuda no verso da receita médica. A funcionária do local chamou a Polícia Militar, que resgatou a adolescente, mas não encontrou o homem.
O jardineiro de 40 anos também contesta a acusação da jovem de que a agredia fisicamente durante a gravidez.
O delegado Paulo Sérgio Lauretto, da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente, pediu a prisão preventiva do homem na terça (19).
A advogada Rosana Tognini, que defende o acusado, afirmou que ele irá se apresentar à polícia, mas fez um pedido de salvo-conduto à Justiça, que ainda está pendente. Se o pedido não for aceito, ele tem até as 9h desta sexta-feira (22) para se apresentar à polícia.
“Ele relatou que nunca bateu nela e que os dois tinham ciúme mútuo. As brigas eram constantes. Eram apenas agressões verbais”, diz Tognini.
Segundo a advogada, a adolescente tinha muito ciúmes da ex-mulher do jardineiro. “Mas ela [ex-mulher] é apenas uma grande amiga dele”, diz.
De acordo com a advogada, o suspeito e a ex-mulher estão separados “há muito tempo”.
A polícia encontrou a jovem e seu filho na casa da ex-mulher do homem, que negou a presença da jovem no local quando os policiais chegaram. Desde então, a moça está na casa de parentes.
O delegado ouvirá a ex-mulher e a mãe do homem para saber se elas tinham conhecimento das supostas agressões e do cárcere privado. A garota disse à polícia que morou um tempo na casa da avó paterna do bebê.
“Eles [o trio] tinham uma relação de amizade. Ela [adolescente] ia na casa [da ex-mulher] constantemente. Os filhos do casal ajudavam a cuidar do bebê”, diz a advogada. “Eles são uma família bem calorosa. Ela é que vem de uma família desestruturada”, diz Tognini.
O homem assume a paternidade do bebê, mas a criança ainda não foi registrada. Segundo a advogada, isso foi “uma falha do casal”.
O documento que comprova o nascimento do filho, necessário para o registro, não está com a adolescente. “Esse documento está com ele porque ele é o pai da criança”, diz Tognini.
Segundo a advogada, a adolescente não quis registrá-lo porque tinha dúvidas sobre qual nome dar a ele. “Na família, todos chamam ele de ‘meu bebê'”, diz.
No pedido de socorro, a adolescente disse que a criança nasceu em um hospital da cidade. “Por causa dele eu não fiz o acompanhamento [pré-natal] certo”, escreveu a garota. Ela contou que descobriu que o homem mentiu sobre a identidade dele e que, depois disso, ela quis sair de casa.
“Ele ameaça que vai tirar meu filho. Ele já me bateu muito quando eu estava grávida”, escreveu no bilhete.