MARCELA BALBINO
FLORESTA, PE – A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, subiu o tom nesta quinta-feira (21) em defesa da presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster.
Em visita de campanha a Pernambuco, Dilma afirmou que Graça “respondeu perfeitamente” sobre a doação de três imóveis que fez para os filhos após a compra da refinaria de Pasadena começar a ser investigada pelo TCU (Tribunal de Contas da União).
A transferência das propriedades, realizada entre março e abril deste ano, foi revelada nesta quarta (20) pelo jornal “O Globo” e levantou dúvidas se Graça teria agido para evitar que os bens fossem bloqueados pela corte numa eventual condenação. O TCU estimou em US$ 792 milhões o prejuízo ao erário na compra da refinaria, em 2006.
“A presidente Graça Foster respondeu perfeitamente sobre a questão dos seus bens, numa nota oficial. Eu repudio completamente a tentativa de fazer com que a Graça Foster se torne uma pessoa que não pode exercer a presidência da Petrobras”, disse Dilma após visitar obras da transposição do rio São Francisco em Floresta (PE).
Segundo a nota divulgada pela Petrobras, Graça iniciou o processo de doação em junho de 2013, três meses depois de o TCU ter iniciado as investigações sobre a compra de Pasadena.
A empresa disse refutar “veementemente” a informação de que sua presidente tenha feito “qualquer movimentação patrimonial com o intuito de burlar a decisão do TCU” que tornou indisponíveis bens de 11 executivos supostamente responsáveis por perdas decorrentes da aquisição da refinaria. Graça não estava incluída entre os diretores penalizados na decisão proferida no último dia 23 de julho.
Dilma criticou o que chamou de uso da Petrobras como “arma política” em período eleitoral e atacou indiretamente o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) ao dizer que problemas ocorridos com a estatal nos mandatos do tucano não foram investigados.
“Eu lamento profundamente a tentativa, a cada eleição, de se fazer primeiro uma CPI da Petrobras e, segundo, de criar esse tipo de problema. Eu me pergunto: por que ninguém investigou o afundamento da maior plataforma de petróleo [P-36 em 2001]? Que custava 1,5 bilhão de dólares. Por que ninguém investiga a troca de ativos feitos entre a Repsol?”, questionou Dilma.
A transação entre a Petrobras e a hispano-argentina Repsol YPF, em 2002, foi um acordo pelo qual a estatal brasileira recebeu 100% da refinaria de Bahía Blanca, na Argentina, e 744 postos de combustíveis naquele país. Em troca, a Repsol ficou com 30% de participação na Refinaria Alberto Pasqualini (RS), 15% da refinaria de Albacora Leste, na bacia de Campos (RJ), e 350 postos em sete Estados.
Em junho passado, o ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli (PT) disse na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) da Petrobras que esse negócio havia sido ruim para a empresa.
“Eu acho extremamente equivocado colocar a maior empresa de petróleo da América Latina e a maior do Brasil, sempre durante a eleição, como arma política ou objeto de discussão política”, disse Dilma.
A presidente afirmou também que não vê problemas na Advocacia-Geral da União defender Graça Foster e a direção da Petrobras no processo no TCU. “A Petrobras é controlada pela União. A diretoria da Petrobras representa a União. É de todo o interesse da União defender a Petrobras. Nada tem de estranho esse fato. Estranho seria se eles não fossem lá defender a Petrobras.”